segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

No país do "me engana que eu gosto" (Pedro Porfírio)

"O brasileiro admira muito é quem soube se fazer na vida." (João Ubaldo Ribeiro, em sua crônica de ontem no jornal O GLOBO)

O que de excepcional teria feito o governo do sr. Luiz Inácio para chegar aos píncaros na bolsa da popularidade? Passei horas e horas tentando decifrar o verdadeiro enigma da pesquisa Datafolha que anuncia o sucesso sem precedentes do nosso presidente, brindado com 70% da aprovação popular, algo que nenhum antecessor sequer beirou desde a caricata "redemocratização".

E cheguei a uma conclusão patética, meio na linha do raciocínio do João Ubaldo Ribeiro, que dedicou sua crônica de ontem à "popularidade do homem": toda essa escalada vem do brilho de quem nada faz e é impulsionada pela imagem assustadora dos seus adversários.

É isso mesmo. O sistema bancou a desinformação do povo até obter o mais alto nível de despolitização, que se reflete na confirmação do congelamento crítico e da assimilação por exclusão.

Aos olhos do povo, inclusive agora da escolaridade razoável, Lula cresce na comparação. Ele seria melhor do que as velhas raposas que dominaram por décadas e, embora não faça nada diferente, antes pelo contrário, pelo menos é um dos "nossos", alguém que também já comeu do pão que o diabo amassou.

Vírus da despolitização

Com sua linguagem desabrida, o ex-metalúrgico está mil vezes mais próximo do cidadão inseguro do que autoridades arrogantes, como o ministro Gilmar Mendes, cabeça de um judiciário claudicante, que detém poderes inquestionáveis e assume posturas tenebrosas na explicitação de uma interpretação capciosa do direito.

Lula se converteu na referência palpável de uma democracia que hoje não tem motivo nenhum para comemorar o fim da ditadura, até porque os que agora atiram as pedras no regime militar juntam-se aos mesmos que dele se serviram para encher suas burras, colaborando da forma mais canalha sempre sob a proteção do manto da hipocrisia.

Para multiplicar o vírus despolitizante que o sistema inoculou no povo brasileiro nada como uma mídia mediocrizada até a medula. Nestes dias em que apenas 14% dos entrevistados afirmam estar bem informados sobre a crise internacional, os nossos bravos jornalistas dedicam boa parte de seu noticiário às disputas pelas presidências da Câmara e do Senado, como se isso tivesse alguma importância para o cotidiano do cidadão habituado a só fechar as portas depois de arrombadas.

A supervalorização desse tipo de notícia serve tão-somente para sedimentar um clima de torcida, uma idéia marota e artificial de confrontos, produzindo efeitos diversionistas, deliberados ou decorrentes do despreparo e da pobreza intelectual dos escribas. Estes, aliás, não ficam muito atrás do populacho no besteirol que campeia glorioso nesse amesquinhado e amestrado país do faz de conta.

Resultado demolidor

O resultado dessa despolitização cultivada é demolidor: 70% dos brasileiros consideram o governo Lula ótimo ou bom. Nenhum presidente no Brasil desde a redemocratização atingiu esse patamar. O recorde anterior já pertencia ao próprio: 64% o avaliavam positivamente em setembro.

Ainda segundo a festejada pesquisa, divulgada paradoxalmente numa hora de estonteantes turbulências e terríveis prenúncios, Lula teve reforçado agora o apoio entre os mais jovens, os mais escolarizados e no Sudeste (todos, com mais nove pontos).

A melhora na avaliação se deu, principalmente, pela redução do percentual de brasileiros que consideram seu governo regular: eles caíram de 28% em setembro para 23% hoje. De 0 a 10, a nota média atribuída ao governo Lula também atingiu um recorde, chegando a 7,6, contra 7 em setembro.

Em outros tempos, para um governante merecer os aplausos de dois em cada três brasileiros, alguma coisa de inesquecível teria saído de sua lavra. Abro todo o espaço disponível para que você, caro leitor, diga o que tenha a dizer, mostre sinais de algo que se aproxime da retumbância refletida na tal pesquisa.

Esperança compensatória

Dir-se-ia que está na gênese do povo brasileiro a "esperança compensatória", isto é, quanto mais explícitos os maus presságios, mais acalentadores os sinais da reviravolta implícita.

É o que se pode deduzir dessa mesma pesquisa:

Apesar da gravidade da crise mundial e do prenúncio de seus reflexos no País, o brasileiro está otimista quanto a 2009. Segundo pesquisa realizada entre os dias 25 e 28 de novembro, 78% declaram que sua vida vai melhorar, enquanto apenas 3% afirmam que vai piorar no ano que vem. Para 14%, a vida pessoal permanecerá como está.

A aposta em um ano novo melhor em comparação a 2008 chega a 82% nas regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste. Essa expectativa é de 75% na região Sul e de 74% no Sudeste.

A pesquisa revela ainda que 78% dos entrevistados com renda de dois a cinco salários mínimos mensais acreditam que sua vida vai melhorar em 2009. Essa taxa é de 77% entre aqueles com faixa mensal de cinco a dez mínimos.

O otimismo é maior - 83% - entre os entrevistados de 16 a 24 anos e cai a 62% entre aqueles com mais de 60 anos.

Segundo o Datafolha, a vida do Brasil vai melhorar na opinião de 66% dos entrevistados com nível de escolaridade fundamental. Essa expectativa é de 65% entre aqueles com nível médio de ensino. Mas cai 11 pontos - para 54% - entre os brasileiros com nível superior.

Otimismo de causar espanto

A pesquisa mostra ainda que 60% dos brasileiros acreditam que sua situação econômica vai melhorar nos próximos meses. Há um ano, no fim de novembro de 2007, em plena euforia da economia, esse índice era de 54%. No fim de março deste ano, era 53%. Em oito meses, a taxa dos que acreditam numa situação econômica melhor subiu sete pontos.

Finalmente, para 67% dos entrevistados o Brasil está melhor desde a eleição de Lula. Esse índice chega a 78% no Nordeste e a 71% nas regiões Norte e Centro-Oeste. No Sudeste, é de 62%, sendo de 57% no Sul.

Segundo a pesquisa, o País está igual para 24% e piorou na opinião de 6% dos brasileiros. Os números da pesquisas continuam a me confundir, apesar de considerar a época em que foi feita, às portas do período de mais alto consumo no País.

Mas a exposição a céu aberto dessa carrada de satisfeitos, conformados e tendentes ao triunfo do "me engana que eu gosto" continua sem uma explicação lógica. Ninguém questiona nada, como se tal postura fosse favorecer os adversários do "nosso parceiro".

coluna@pedroporfirio.com

Da Tribuna da Imprensa

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Da asfixia da TRIBUNA ao monopólio da informação (Pedro Porfírio - Tribuna da Imprensa Online)

“Um dia vieram e levaram meu vizinho que era judeu.
Como não sou judeu, não me incomodei.
No dia seguinte, vieram e levaram meu outro vizinho que era
comunista.
Como não sou comunista, não me incomodei .
No terceiro dia vieram e levaram meu vizinho católico.
Como não sou católico, não me incomodei.
No quarto dia, vieram e me levaram;
já não havia mais ninguém para reclamar”... ( Martin Niemöller,
pastor luterano alemão, em 1933 )

Quando cheguei ao Rio de Janeiro, naquele efervescente 1959, havia jornais para todos os gostos. Era um tempo em que a disseminação de informações em todas as camadas funcionava como o mais rico nutriente do grande salto na economia.

Sem aquela fartura de títulos nas bancas, o sentimento de progresso não teria se enraizado como um átomo transformador, em função do qual o Brasil mudou de fio a pavio.

De país rural, sujeito à hegemonia política dos senhores da terra, evoluiu corajosamente no rumo de um processo industrial que, com a ajuda da imprensa, teria de atacar velhos tabus, como o alto índice de analfabetismo e escassa disponibilidade de mão-de-obra qualificada. Foi com o facho dos jornais e revistas que a economia iluminou seu caminho nos idos de JK. Naqueles idos, tínhamos opções entre diários matutinos e vespertinos, estes com mais de uma edição.

Os semanários tinham grande penetração por seu caráter político. Algumas revistas, como “O Cruzeiro” em sua fase áurea, alcançavam tiragens invejáveis: em 1953, quando o Brasil tinha 53 milhões de habitantes, a maioria nas áreas rurais, essa revista alcançou a tiragem de 750 mil exemplares.

Se considerarmos a população brasileira de então, pode-se dizer que até hoje, apesar da tecnologia e a sofisticação, nenhuma publicação similar conseguiu tão significativos desempenhos em quantidade de exemplares vendidos semanalmente.

Bons tempos, aqueles.

Era uma época tão fértil que as portas das redações se abriam muito cedo para aprendizes vocacionados e escribas imberbes. Em geral, os jornalistas trabalhavam em pelo menos dois lugares.

Se não fosse pela profusão de oportunidades, eu não teria tido a minha carteira profissional assinada como repórter da “Ultima Hora”, no dia 17 de fevereiro de 1961, isto é, um mês antes de completar 18 anos e seis meses depois de ser entregue aos cuidados do brilhante Pinheiro Júnior, chefe de reportagem, por Milton Coelho da Graça, a grande referência profissional por muitos anos.

No mesmo 1961, ia trabalhar como repórter sindical de “O Dia”, sob a chefia de Nelson Salim, situação que não durou muito, porque fui contratado, aos 18 anos, para implantar o Departamento de Língua Portuguesa da Rádio Havana, a emissora de ondas curtas que nascia na “pérola do Caribe”.

Fonte de resistência

Esse leque de jornais ainda resistiu alimentando o estreito corredor da liberdade até o AI-5, em dezembro de 1968. Registre-se que ainda antes de 1964 houve algumas perdas – casos dos vespertinos “A Noite” e “Diário da Noite” (que chegou a vender 200 mil exemplares na década de 50, quando a população da cidade do Rio de Janeiro era de 2,5 milhões de habitantes).

Então, o jornalista dificilmente ficava desempregado. Eu mesmo passei por uma situação inacreditável. Quando o meu conterrâneo Gualter Loyola de Alencar me trouxe para a “TRIBUNA”, em 1967, tive que fazer ginástica para ajudá-lo a editar a primeira página, sem abandonar outros batentes.

Por alguns meses, “bati o ponto” em cinco lugares, porque não tinha coragem de pedir demissão e “abandonar os barcos”. Às seis da manhã, chegava à TV Tupi, na Urca, para escrever o segundo caderno do “Jornal da Tarde”. Às 9, conforme acordo com o diretor Paulo Vial Correa, pegava meu fusca, atravessava a cidade e ia trabalhar como assessor de Relações Públicas da Acesita, na Visconde de Inhaúma, escrevendo todas as cartas do seu presidente, Wilker Moreira Barbosa.

Almoçava na mesa de trabalho e me deslocava até o prédio da Rio Branco, 277, ao lado do Clube Militar, onde escrevia na Alton Propaganda “A Voz dos Municípios” para a Rádio Nacional com o patrocínio da Capemi. O produtor do programa era Bob Nelson, de quem fora fã na infância, que estava sem trabalho como cantor.

Às quatro, estava na Redação do “Correio da Manhã”, na Gomes Freire, onde fazia a página internacional, sob a chefia de Maurício Gomes Leite, tendo ao lado luminares como Otto Maria Carpeaux, Paulo de Castro e o nosso Argemiro Ferreira, sem falar no Ricardo Franco Neto, no Guilherme Cunha e no José Fernandes.

Finalmente, às 9 da noite, saía pela oficina e dava de cara com a redação da “TRIBUNA”, chefiada então por Guimarães Padilha, tendo o Gualter Loiola como editor.

Claro que isso não durou muito, mas aconteceu com outros profissionais também porque havia muitas oportunidades para os profissionais do que hoje chamam de Comunicação Social. E não durou porque fui me envolvendo mais com a “TRIBUNA”, já então a grande trincheira da resistência democrática, cuja redação passei a chefiar alguns meses antes de ser levado na madrugada fria de junho de 1969 para a Ilha das Flores, primeira das três ilhas em que me encarceraram por quase dois anos.

Conto essa história a propósito da pressão perversa que vem asfixiando a “TRIBUNA” há mais de 40 anos e que provocou a paralisação TEMPORÁRIA de sua circulação.

Rumo ao monopólio

Hoje, há um quadro inteiramente diverso daqueles anos de crescimento. A maioria dos jornais desapareceu, enquanto a “TRIBUNA” sobrevivia a duras penas, graças à tenacidade de Helio Fernandes e aos profissionais que acreditavam na necessidade de pelo menos um contraponto nesse universo midiático atrelado a um sistema que banca uma pouco variada “imprensa de resultados”.

O mercado de trabalho encolheu na proporção inversa de uma demanda incalculável, gerada por uma quantidade exagerada de cursos de jornalismo e de expectativas entre os jovens em relação à comunicação social, área que se inscreve entre as mais procuradas nos vestibulares.

Pode-se dizer que mais da metade dos empregos em redações no Rio de Janeiro é oferecida pelo complexo Globo (TV, rádios, jornais e revistas) e que de cada três profissionais empregados, dois estão em assessorias, onde se pagam os melhores salários.

Isso significa que avançamos para uma atividade monopolista no campo da informação, o que terá reflexos dramáticos numa sociedade dita democrática, que vê suas instituições sucumbirem sob o controle de alguns grupos ávidos de poder e do que dele provém.

O estrangulamento da “TRIBUNA” resulta de uma combinação de interesses e atos inescrupulosos, com repercussão inevitável sobre a vida do País, constituindo-se num golpe de alcance múltiplo, numa etapa irreversível de uma perigosa escalada de essência muito mais deletéria do que o regime que hoje abominam desonestamente muitos dos que se refestelaram à sua sombra.

Sobre isso, teremos muito o que conversar.

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segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

POR CULPA DA JUSTIÇA, TRIBUNA SUSPENDE CIRCULAÇÃO A PARTIR DE HOJE

De:
Pedro Porfírio Adicionar contato porfirio@palanquelivre.com
Para:
Edson Nogueira Paim
Assunto:
POR CULPA DA JUSTIÇA, TRIBUNA SUSPENDE CIRCULAÇÃO A PARTIR DE HOJE
Data:
01/12/2008 02:34



POR CULPA DA JUSTIÇA, TRIBUNA SUSPENDE CIRCULAÇÃO A PARTIR DE HOJE

E VOCÊ? O QUE FARÁ CONTRA ESSA TRAGÉDIA PARA A DEMOCRACIA?


Processo de indenização pelos prejuizos sofridos na ditadura completa 26 anos sem sentença final, levando Hélio Fernandes a um gesto extremo.


TRECHOS DO EDITORIAL DE PRIMEIRA PÁGINA ASSINADO POR HÉLIO FERNANDES



De 1982 (primeira e única sentença) até este ano de 2008 (26 anos), a decisão do competente juiz de primeira instância foi naufragando na impunidade, no descuido, na imprudência dos chamados MAGISTRADOS SUPERIORES.
Nesses 26 anos, desembargadores que não tinham nenhum adjetivo, mas lutavam arduamente para ganhar a complementação de DESEMBARGADORES FEDERAIS, nem ligavam para a justiça ou a injustiça. Importantes, se consideravam insubstituíveis e incomparáveis, não queriam que alguém pensasse ou admitisse que eram inferiores. Lógico, cuidando da ambição pessoal, não podiam perder tempo FAZENDO JUSTIÇA. Que era o que o juiz de primeira instância compreendeu e decidiu imediatamente.
Em 26 de março de 1981, a ditadura agonizante mas vingativa explodiu prédios, máquinas e demais dependências desta Tribuna. Podíamos acrescentar isso na própria ação ou começar nova, com mais esse prejuízo colossal. Não quisemos. É fato também facilmente comprovável, não protestamos nem reivindicamos judicialmente em relação a mais esse terrorismo. Financeiro, econômico, irreparável.
Outro fato que também é acusação contra DESEMBARGADORES FEDERAIS facilmente comprovável verificando o andamento, quer dizer, a paralisação do processo: vários DESEMBARGADORES FEDERAIS ficaram 2, 3 e até 4 anos com o processo engavetado. Alguns devolviam o processo pela razão maior de todas: caíam na EXPULSÓRIA. Mas continuavam fazendo parte do esquema e sistema de atrasar a eficácia da prestação jurisdicional. Necessária nova distribuição, isso era feito lentamente, esqueciam inteiramente da importância de fazer justiça.

Inexplicavelmente, repita-se, o bravo (ou bravateiro?) Joaquim Barbosa aceitou o afrontoso apelo da União que nem deveria ser conhecido, por conta quem sabe de um cochilo, displicência ou então não tem a sabedoria jurídica que tanto apregoa.
Não quero ir mais longe, lembrar apenas o seguinte: a Tribuna da Imprensa não será FECHADA pela indolência da Justiça, que, sem perceber, a castiga tanto ou mais do que a ditadura, na medida em que por inaceitável MOROSIDADE está retardando a implementação da execução de sentença condenatória da ré, União Federal, e sua maior devedora.
ASSIM, suspenderemos por alguns meses a circulação deste jornal, que entra, coincidentemente, no ano 60 da sua existência. 14 com Carlos Lacerda, 46 com este repórter. Não transigimos, não conversamos, não negociamos a opinião aberta e franca pela recompensa escondida mas relevante. Poderíamos ter cedido, concedido, concordado, conquistaríamos a riqueza falsa e inconsciente, mas GLORIOSA E DURADOURA.RECIPROCIDADE. Como não nos entregamos nunca, como ninguém neste jornal distribui visibilidade para receber reciprocidade, estamos em situação dificílima.
Nesse quadro, já dissemos e reiteramos que essa primeira indenização será toda destinada ao pagamento de DÍVIDAS obrigatórias contraídas por causa da perseguição incessante comprovadamente sofrida.
Em matéria de tempo, uma parte do Judiciário foi mais ditatorial do que a ditadura. Esta perseguiu o jornal das mais variadas formas, por 20 anos. A Justiça quer ver se chega aos 30 anos, por conta de sua repugnante MOROSIDADE, TÃO RUINOSA e imoral quanto a ilimitada violência perpetrada pela ditadura.





Nenhum homem de bem, nenhuma mulher combativa, ninguém pode consentir nesse tiro mortal contra a livre manifestação da palavra.

LEIA A EMOCIONANTE MENSAGEM DE HÉLIO FERNANDES NA PRIMEIRA PÁGINA DA TRIBUNA DE HOJE, 1 DE DEZEMBRO DE 2008

OU NO MEU BLOG

PORFÍRIO URGENTE



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LEIA ÍNTEGRA DA MATÉRIA NO BLOG PORFÍRIO URGENTE

quarta-feira, 12 de março de 2008

Células embrionárias e transplantes

De: Pedro Porfírio
Para: Edson Nogueira Paim
Data: 12/03/08 07:26
Assunto: Células embrionárias e transplantes


Células embrionárias e transplantes

MINHA COLUNA NO JORNAL POVO DO DIA DE 12 DE MARÇO DE 2008


O órgão a ser tranansplantado é retirado de um doador quando se atesta a "morte cerebral".

MINHA COLUNA NO POVO DO RIO DE 12 DE MARÇO DE 2008

Lamento profundamente que algumas pessoas, movidas tão somente por suas convicções religiosas, insistam em que o governo, que não é de nenhuma religião especificamente, e que a Justiça, ídem, sejam instrumentos de sua maneira de ver questões de saúde pública.
Respeito a fé de cada um. Todos têm direito a ter uma religião. Isso é sagrado. Mas a atitude de cada um deve ser no limite de sua individualidade, pessoal.
Há uma denominação evangélica - as Testemunhas de Jeová - que é contrária à transfusão de sangue. Quem se filiar a essa denominação não pode alegar que desconhece tal proibição. Mas daí a querer que todos os brasileiros sejam contrários, aí seria forçar a barra. E as Testemunhas de Jeová jamais tentaram converter em lei aquilo que é uma leitura própria das escrituras.

Por que a Igreja Católica não segue o seu exemplo? Há muitos segmentos de católicos no mundo inteiro que sonham com curas científicas para algumas doenças, a partir das células-tronco embrionárias que podem se transformar em qualquer célula do corpo humano e devolver vida a muita gente.
Essas células poderão ser usadas no tratamento do câncer, cardiopatias e dezenas de doenças, inclusive o Mal de Alzeimer e o Parkinson (Veja no meu blog
http://porfiriourgente.blogspot.com/ )
É claro que as pesquisas terão que avançar muito. Elas ainda não têm a resposta acabada para tais sofrimentos. Mas se ninguém puder pesquisar, não chegaremos a lugar nenhum.
Uma professora universitária de Pernambuco me escreveu lembrando a incoerência dos que alegam existir vida na célula embrionária. Ela comentou: se essas mesmas pessoas aceitam a doação de órgãos de uma pessoa com "morte cerebral", como podem se postarem com salvadoras de uma célula embrionária?
Veja que raciocínio claro: "Mas me parece que o problema central, na questão das células-tronco é a definição de quando começa a vida. Não era algo fácil de determinar até que, na minha opinião, se definiu quando é que ocorria a morte. Para efeito da doação de órgãos, o critério é o da morte cerebral, uma vez que se constatou que o simples parar do coração não basta. Muitas vezes, dependendo da assistência, muita gente já voltou do "outro lado", depois de alguns momentos de aparente morte. Mas depois que o cérebro para, não há mais volta (é diferente do coma, onde se detectam os sinais de atividade cerebral, apesar do corpo não responder aos estímulos aplicados). Então, não seria um critério possível a ser utilizado? Se a Igreja, católica ou qualquer outra, é capaz de aceitar esse critério para determinar a retirada de órgãos, de alguém que está claramente vivo no sentido amplo da palavra, o lógico é que se determine o momento do desenvolvimento em que o cérebro começa a funcionar, como sendo aquele em que começa a vida. Senão, não faz sentido aceitar a retirada de órgãos".
coluna@pedroporfirio.com

VALE A PENA LER DE NOVO

O seqüestro do raciocínio e o apagão da inteligência

MINHA COLUNA NA TRIBUNA DA IMPRENSA DE 9 DE NOVEMBRO DE 2007

LEIA A COLUNA NA ÍNTEGRA

"Jamais aceite como exata coisa alguma que não se conheça à evidência como tal, evitando a precipitação e a precaução, só fazendo o espírito aceitar aquilo, claro e distinto, sobre o que não pairam dúvidas".
René Descartes, filósofo francês (1596-1650)

Nos dias de hoje, nada me assusta, deprime e revolta tanto como o seqüestro do raciocínio. Nada é mais danoso e demolidor. Nada causa tantos males à espécie humana.
Não. Eu não estou falando da corrupção da consciência. Nem da corrosão do caráter. Nem da desfiguração do sentimento. Não me refiro à extinção dos valores morais, éticos e religiosos que um dia pesaram nas atitudes.
Isso o dilúvio da hipocrisia em cascata afogou em sua devastação fulminante. Há sobreviventes que ainda respeitam esses valores jurássicos, admito. Mas são espécies raras, em ostensivo processo de extinção.
O raciocínio seria a última arma da natureza humana. Seria uma ferramenta disponível como uma bússola norteadora. Você podia ter sido amputado de valores tornados subjetivos. Poderia estar inoculado do vício do mais abjeto e desesperado individualismo.
Mas, ao dispor da capacidade de raciocinar, de pensar, respeitaria um novo tipo de cânone, amparado no instinto da sobrevivência. Não importava seu juízo de valores. Mas o cérebro falava mais alto na formulação do comportamento.
Não era o ideal. Antes, a solitária sobrevivência da capacidade de raciocinar se constituía num certo recurso do pragmatismo. Na busca do êxito, o raciocínio pode destituir-se de todo e qualquer constrangimento. Mas, pelo menos, é um elemento de avaliação. Que pode ser usado para o mal, mas também para o bem

Lá como cá

Governador de Nova York tem 48 horas para renunciar

Leia matéria completa

No país dos puritanos, mais um escândalo envolve governador de um grande Estado com a prostituição. Por aqui, convenhamos, não é diferente.

NOVA YORK (EUA) - A pressão para o governador de Nova York, Eliot Spitzer, renunciar aumentou nas últimas horas, quando líderes republicanos deram ao democrata um prazo para deixar o cargo. "Se ele (Spitzer) não renunciar em até 48 horas, vamos preparar artigos de impeachment para tirá-lo do poder", afirmou James Tedisco, líder republicano da Assembléia Legislativa de Nova York.

Na segunda-feira, Spitzer fez um pronunciamento público no qual pediu desculpas à sua família por ter sido vinculado a uma rede de prostituição de luxo, numa denúncia divulgada pelo jornal "The New York Times". Spitzer, que é casado há 21 anos e tem três filhas, está sendo investigado pela Justiça por ter se envolvido com uma prostituta e deslocado a mulher entre estados - ação que é considerada crime nos EUA.

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sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Lupi na mira dos que odiavam Brizola

De: Pedro Porfírio
Para: Edson Nogueira Paim
Data: 28/02/08 21:24
Assunto: Lupi na mira dos que odiavam Brizola


Lupi na mira dos que odiavam Brizola

MINHA COLUNA NO JORNAL POVO DO RIO DE 29 DE FEVEREIRO DE 2008


Lupi mostrou com documentos que há não favorecimento partidário no repassee de recursos para qualificação profissional.

O ministro Carlos Lupi agiu com competência e tranqüilidade ao suspender quatro convênios questionados destinados à qualificação profissional e ao responder com firmeza à campanha orquestrada para derrubá-lo do Ministério do Trabalho:
- Estou sendo odiado por herança. Todos que odiavam Getúlio e Brizola vão odiar quem se sentar nesta cadeira - disse com todas as letras sobre o cargo que ocupa e a que vem emprestando uma dedicação de causar inveja a "gregos e troianos".
Ele não disse mais do que o óbvio. Nada assusta mais às elites do que um brizolista à frente do Ministério do Trabalho. Ao ser convidado para participar da coalizão governamental, o PDT deixou muito claro que considera intocáveis os direitos trabalhistas produzidos desde o governo do presidente Vargas.
Essa atitude frustra aqueles que não conseguem raciocinar senão a partir do lucro fácil e da injustiça social, em função de que o Brasil registra diferenças de mais de 1700% entre a maior e a menor remuneração da mão de obra.
Depois de insistirem na lengalenga de que ele teria que deixar a presidência do PDT ou o Ministério do Trabalho, exigência que só se faz agora, porque nunca disse se falou antes, os interesses que patrocinam a campanha contra ele tratam de traumatizar o seu programa prioritário, o da qualificação profissional, providência urgente e elementar, considerando que enquanto ainda registramos altas taxas de desemprego, há milhares de vagas não preenchidas por falta de mão de obra especializada.
Nessa matéria, seus adversários também vão dar com os burros n'água. Durante a sua entrevista, ele demonstrou com números e documentos que os convênios são assinados sem qualquer discriminação política. Quem tiver dúvida, é só considerar a destinação de recursos em aos governos locais.
Para desmentir as acusações de que, desde que assumiu a pasta, em abril, teria privilegiado solicitações de verbas para prefeituras ou entidades ligadas ao PDT, o ministro do Trabalho relacionou um total de R$ 430 milhões em convênios assinados ou renovados ao longo de 2007 e até fevereiro de 2008 e o distribuiu por partidos, considerando o governo de cada estado ou município beneficiado.
Segundo a lista, ao PDT foram destinados R$ 14,4 milhões. Para o PT, foram R$ 96,3 milhões. Os partidos de oposição ao governo também foram destacados. Para o DEM, aparecem R$ 54,1 milhões e, para o PSDB, R$ 102,4 milhões. "Eu não veto nem discrimino ninguém, até porque a norma técnica impede o direcionamento por partido".
O problema, como ele mesmo disse, é que essas elites não engolem um trabalhista no Ministério do Trabalho.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

NÃO POSSO CALAR DIANTE DO ESBULHO. E MAIS... O PESADELO DA MEDIDA PROVISÓRIA PERMANENTE. E MAIS...

De: Pedro Porfírio
Para: Edson Nogueira Paim
Data: 18/02/08 05:31
Assunto: NÃO POSSO CALAR DIANTE DO ESBULHO. E MAIS... O PESADELO DA MEDIDA PROVISÓRIA PERMANENTE. E MAIS...




MINHAS COLUNAS NA TRIBUNA E NO POVO E OUTRAS OPINIÕES

NÃO POSSO CALAR DIANTE DO ESBULHO. E MAIS... O PESADELO DA MEDIDA PROVISÓRIA PERMANENTE. E MAIS...

Para que você não pense que estou aceitando tudo calado


"Apesar de ser tolo pensar que o ato de escrever pode por si mesmo provocar uma mudança, não é tolo acreditar no poder da palavra escrita".
Robert Jensen, professor da Escola de Jornalismo da Universidade do Texas

Nesta terça-feira, 19 de fevereiro, dia da segunda e decisiva Batalha dos Guararapes, estaremos lamentando o transcurso do segundo mês desde a mal inspirada liminar de um desembargador, privando-me, pela segunda vez em um ano, do exercício do mandato parlamentar que me foi conferido por 13.924 eleitores da cidade do Rio de Janeiro.
Numa época em que todo político é suspeito até prova em contrário, muitos amigos meus se queixam da dificuldade de explicar o ocorrido, até porque, apesar de tantos desvios de conduta escancarados, os parlamentares cassados não passam de uma meia dúzia de três ou quatro, em todo o país.
Deste cearense que vos fala, graças aos ensinamentos do velho Doca, o pai-avô que perdi aos sete anos, e ao próprio DNA, você jamais verá o modesto nome envolvido com qualquer tipo de trapaça, em qualquer campo de atividade, de onde os
danos inerentes à liminar insustentável.
E olha que dentro de um mês estarei completando 65 anos, 50 de atividade pública, uma passagem bisada pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social e a presidência do Conselho de Contribuintes da cidade do Rio de Janeiro.
Por isso, não posso deixar de voltar ao assunto. Não posso sequer me conformar com o óbvio: mais do que eu, "cassado" sem qualquer fundamento jurídico, mais do que meus eleitores, quem se expõe nesse episódio dantesco, quem perde em credibilidade e confiança, é a Justiça que, não obstante tantos magistrados de bem, competentes e honrados,
ficará com uma nódoa incrustada na borda de sua simbólica venda.

É mais verdade ainda, e aí você e os MAGISTRADOS DO BRASIL devem cair de costas, que o suplente beneficiado pela liminar do dia 19 de dezembro, já estava filiado ao PSC desde 28 de agosto de 2007, o que escondeu por um mês, quando manteve dupla filiação, e que saiu do PDT em 28 de setembro de 2007 sem formular uma única queixa. Abriu o jogo ao tomar conhecimento da sentença denegatória da juíza Jacqueline Montenegro, titular da 6ª Vara da Fazenda.

LEIA MATÉRIA COMPLETA

http://www.tribunadaimprensa.com.br/porfirio.asp

Conflito entre OAB e STJ: uma preocupação a mais

Para o cidadão comum, que a qualquer momento, por qualquer motivo, está exposto a às barras da Justiça, não deixa de ser assustador esse conflito explícito entre a OAB e o STJ, algo que denuncia a definitiva compreensão de que o Poder Judiciário vive realmente um ambiente político com reflexos sobre toda a sociedade.

A NOVA FACE DOS ESTADOS UNIDOS?

Pares do poder... Michelle e Barack Obama em Los Angeles prestigiaram um evento sobre a participação dos Afro-Americanos na indústria de entertainment .

http://www.tribunadaimprensa.com.br/coluna.asp?coluna=argemiro

ARGEMIRO FERREIRA NA TRIBUNA DA IMPRENSA

O eleitor e o supereleitor

Sendo o processo eleitoral interno do Partido Democrata (onde o perdedor nas primárias de um estado ganha delegados em número proporcional ao dos votos obtidos) mais democrático do que o do partido rival (onde "o vencedor leva tudo") seria insólito prevalecer a manobra da campanha de Hillary Clinton no sentido de virar a mesa e inverter, com os superdelegados, a vontade do eleitorado.

Medida Provisória de um pesadelo na mais longa noite de verão

Na noite de sábado para domingo, que ficou maior com o fim do horário de verão, tive um pesadelo que me afogou em suores de vários odores. No sonho, lia a publicação de uma Medida Provisória, anunciada num grande banquete com a presença dos donos dos maiores bancos do mundo, do embaixador dos Estados Unidos, de representantes do FMI, do "Consenso de Washington", do "Diálogo Interamericano" e do Vaticano. Só não consegui identificar o presidente e as autoridades nacionais, até porque não ficou claro se estávamos realmente no Brasil.

A íntegra da MEDIDA PROVISÓRIA DO MEU PESADELO AINDA ESTÁ SENDO "DECODFICADA" FIQUE ATENTO AO BLOG PORFÍRIO URGENTE

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segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Arena: Costa vai convidar emedebista para novo Ministério

(Manchete da TRIBUNA DA IMPRENSA de 18 de fevereiro de 1968)


Parlamentares da Arena confirmaram ontem, no Rio, que na reforma ministerial programada para meados de março pelo presidente Costa e Silva, três integrantes do MDB - que talvez não sejam políticos atuantes em nosso caso, apenas indicados pelo partido oposicionista - participarão do novo Ministério como primeiro esforço para a consecução da "pacificação" preconizada pelo "governador" Luís Viana Filho.

Pedindo reservas sobre as fontes de informações, os parlamentares acrescentaram que o aproveitamento de oposicionistas no governo já vinha sendo estudado há mais de três meses, inclusive com sondagens junto a dirigentes do MDB que, em princípio, recusaram a participação.

Cerdeira condena a "pacificação" de Luís Viana Filho

SÃO PAULO (Sucursal) - O presidente da Arena de São Paulo, sr. Arnaldo Cerdeira, está condenando o movimento de pacifiação nacional iniciado pelo "governador" da Bahia, Luís Viana Filho, e que prosseguiu através do sr. Abreu Sodré e do prefeito Faria Lima. Classifica o movimento como uma jogada política, pessoal, visando a dar a esses políticos um maior destaque no panorama político nacional, sem ter maior objetividade ou profundidade.

Assegura que os srs. Abreu Sodré e Faria Lima apenas foram a Petrópolis conversar com o marechal Costa e Silva para trazer a palavra do marechal-presidente de que não mais seria editado o decreto que retira a autonomia de mais de duzentos municípios brasileiros, sob a alegação de uma hipotética segurança nacional, surgindo, depois, para todo o País, como "os salvadores da pátria", e que conseguiram fazer com que o País não perdesse os últimos resquícios de democracia "indispensáveis para a tarefa de redemocratização".

Ataque norte-americanos não impedem ofensiva comunista

Os norte-americanos intensificaram ontem seus ataques por terre e ar contra os norte-vietnamitas e vietcongs que resistem no Centro de Huê, mas um comunicado militar publicado à noite afirmou que nenhum avanço dos marines foi conseguido na destruída cidade imperial.

No quarto dia de uma contra-ofensiva enérgica em Huê, importantes unidades de marines se lançaram ao assalto de sólidas posições comunistas na cidadela bombardeada ao mesmo tampo por trincheirados nas muralhas, palácios e pagodes os norte-vietnamitas e vietcongs resistiram um dia sob a bandeira rebelde que içaram há quase três semanas.

DNER apura concorrência ilegal no Amazonas

Com base na informação, exclusiva, divulgada pela Tribuna na edição de ontem, o DNER afirma que estudará os detalhes do instrumento de concorrência e que a decisão final sobre o assunto caberá ao seu departamento jurídico. O DNER promete o maior rigor possível nas sindicâncias.

De: Pedro Porfírio
Para: Edson Nogueira Paim
Data: 17/02/08 22:57
Assunto: PARA QUE VOCÊ NÃO PENSE QUE ESTOU ACEITANDO TUDO CALADO


PARA QUE VOCÊ NÃO PENSE QUE ESTOU ACEITANDO TUDO CALADO

MINHA COLUNA NA TRIBUNA DA IMPRENSA DE 18 DE FEVEREIRO DE 2008


http://www.tribunadaimprensa.com.br/coluna.asp?coluna=porfirio


"Apesar de ser tolo pensar que o ato de escrever pode por si mesmo provocar uma mudança, não é tolo acreditar no poder da palavra escrita".
Robert Jensen, professor da Escola de Jornalismo da Universidade do Texas


Nesta terça-feira, 19 de fevereiro, dia da segunda e decisiva Batalha dos Guararapes, estaremos lamentando o transcurso do segundo mês desde a mal inspirada liminar de um desembargador, privando-me, pela segunda vez em um ano, do exercício do mandato parlamentar que me foi conferido por 13.924 eleitores da cidade do Rio de Janeiro.
Numa época em que todo político é suspeito até prova em contrário, muitos amigos meus se queixam da dificuldade de explicar o ocorrido, até porque, apesar de tantos desvios de conduta escancarados, os parlamentares cassados não passam de uma meia dúzia de três ou quatro, em todo o país.
Deste cearense que vos fala, graças aos ensinamentos do velho Doca, o pai-avô que perdi aos sete anos, e ao próprio DNA, você jamais verá o modesto nome envolvido com qualquer tipo de trapaça, em qualquer campo de atividade, de onde os danos inerentes à liminar insustentável.
E olha que dentro de um mês estarei completando 65 anos, 50 de atividade pública, uma passagem bisada pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social e a presidência do Conselho de Contribuintes da cidade do Rio de Janeiro.
Por isso, não posso deixar de voltar ao assunto. Não posso sequer me conformar com o óbvio: mais do que eu, "cassado" sem qualquer fundamento jurídico, mais do que meus eleitores, quem se expõe nesse episódio dantesco, quem perde em credibilidade e confiança, é a Justiça que, não obstante tantos magistrados de bem, competentes e honrados,
ficará com uma nódoa incrustada na borda de sua simbólica venda.
Quem perderá o sono
Porque, mais dia, menos dia, há de aparecer alguém para contar essa coleção de absurdos, tintim por tintim, tanto quanto hoje, distante três décadas, foi o torturador que me impôs tanto sofrimento naqueles lamentáveis idos quem teve de deixar crescer a barba para fugir de si mesmo, administrando a tortura da história que carregará até o túmulo.
Assim também, como efêmero é o poder, terão noites de insônia e pânico do julgamento de seus filhos e netos, aqueles que não tiverem a prudência devida ao se valerem de faculdades sumárias em decisões que carecem do mínimo de sustentação, por mais permissiva que seja a hermenêutica.
À luz do dia, como já aconteceu no julgamento de mérito proferido por uma juíza competente e corajosa, não há como explicar a invasão de matéria da Justiça Eleitoral para intervir no Poder Legislativo e retirar de cena um parlamentar, acolhendo como única alegação a SUPOSIÇÃO DE UMA RENÚNCIA QUE NÃO HOUVE
, até porque, PASMEM, teria acontecido antes mesmo da disputa das eleições de 2004.
Uma "renúncia" tão ESDRUXULA E FANTASIOSA, obtida por ilação, antes da posse e fora do lugar previsto em Lei (a casa legislativa) , como, aliás, com toda a clareza,
o Tribunal Regional Eleitoral do Estado do Rio de Janeiro havia definido em janeiro de 2007, apesar do direcionamento capcioso de uma consulta baseada em algo que também não acontecera.
Ao longo dessa novela mal escrita, a sensação que me domina é de que, sobrecarregados por processos de toda natureza, os desembargadores da Justiça
Comum podem ser facilmente induzidos a erros por advogados espertos e/ou arrogantes.
Imagino mesmo que nunca sobrou a nenhum dos desembargadores, cujas decisões beneficiaram ao segundo suplente, o tempo suficiente para uma leitura inteira da matéria.
É preciso que você e todos os MAGISTRADOS do Brasil, todos os procuradores do MINISTÉRIO PÚBLICO saibam que EU FUI A ÚNICA VÍTIMA DE UMA AÇÃO DE PERDA DE MANDATO, NA JUSTIÇA COMUM, entre dezenas de políticos do PDT, particularmente do Estado do Rio.
A Lei dos partidos políticos (9096) é de 1995 e regulamentou os artigos 17 e o inciso V do § 3º do art. 14 da Constituição Federal. A Resolução 01/98 do PDT, que definiu o seu conceito particular de fidelidade partidária está em vigor desde 1998.
A sina do patinho feio
Desde então, dezenas de mandatários saíram de sua legenda e, pelo menos aqui no Estado do Rio, o partido jamais pleiteou a cassação dos seus mandatos, nem tampouco o Ministério Público, até porque, antes da decisão do STF de 3 de outubro de 2007,
vigia a jurisprudência do próprio Supremo,decorrente do voto do ministro Moreira Alves, de 1989, com o qual aquela corte entendeu que não existia fidelidade partidária.
Para você e TODOS OS MAGISTRADOS DO BRASIL tomarem conhecimento, lembro que
o governador Garotinho abandonou o PDT em 2001, levando uma penca de deputados, prefeitos e vereadores, e nem por isso seus mandatos foram sequer ameaçados por ações nesse sentido.
Caso emblemático foi a decisão do deputado Miro Teixeira, que deixou o PDT para continuar no ministério do governo Lula, passou pelo PPS e pelo PT, retornando em 205, sem que sofresse um único arranhão por essas andanças, até porque ele é um dos mais competentes parlamentares brasileiros.
É verdade que em 1 de maio de 2005 me desfiliei do PDT, quando não estava exercendo mandato.
Mas também é verdade que voltei ao partido em 2006, antes de assumir na condição de primeiro suplente.
É igualmente verdade que o segundo suplente beneficiado por essas liminares fez o percurso semelhante: saiu do PDT em 2005 para filiar-se ao PHS e voltou no mesmo mês de 2006 em que retornei. Isso consta de todos os processos que tramitam no Tribunal de Justiça do RJ - 20ª Câmara Cível e Órgão Especial - e, no entanto, estranhamente, só eu estou pagando o pato.
É mais verdade ainda, e aí você e os MAGISTRADOS DO BRASIL devem cair de costas, que o suplente beneficiado pela liminar do dia 19 de dezembro, já estava filiado ao PSC desde 28 de agosto de 2007, o que escondeu por um mês, quando manteve dupla filiação, e que saiu do PDT em 28 de setembro de 2007 sem formular uma única queixa.
Abriu o jogo ao tomar conhecimento da sentença denegatória da juíza Jacqueline Montenegro, titular da 6ª Vara da Fazenda.
Isto é, em português claro: o cidadão que ocupa minha cadeira está totalmente errado,
não poderia se beneficiar de liminar nenhuma, e no entanto, neste país tropical, nesta cidade nervosa, é ele quem ocupa a vaga do PDT em nome do PSC.
O que é que você quer mais? Tramitam simultaneamente três recursos meus e do PDT contra o esbulho de que somos vítimas. Na 20ª CC, no Órgão Especial e no TRE-RJ - neste foro, com base na Resolução 22.610/07 do TSE e da Resolução 680/08 do TRE-RJ.
Está tudo nos conformes e, por isso, só tenho expectativas positivas em relação ao resgate do mandato. No entanto, como este tem dia e hora para findar e já foi amputado duas vezes, totalizando quase três meses, é natural que volte ao ao lamento, pois
esta é uma situação emblemática, sobretudo, como já disse, para o regime de direito, pelo qual paguei com o próprio sacrifício da liberdade.
coluna@pedroporfirio.com

Conflito entre OAB e STJ: uma preocupação a mais

MINHA COLUNA NO JORNAL "POVO DO RIO" DE 18.02.2007

Para o cidadão comum, que a qualquer momento, por qualquer motivo, está exposto a às barras da Justiça, não deixa de ser assustador esse conflito explícito entre a OAB e o STJ, algo que denuncia a definitiva compreensão de que o Poder Judiciário vive realmente um ambiente político com reflexos sobre toda a sociedade.
O ápice dessa divergência foi a decisão dos ministros do STJ de negaram quorum para a indicação de três candidatos a magistrados de uma lista de seis, preparada pela OAB nacional. Os três mais votados seriam submetidos ao Presidente da República. O regimento do tribunal prevê, porém, que para ser indicado o aspirante a ministro deve ter pelo menos 17votos, o que pela primeira vez não aconteceu naquela corte de Justiça.
Para que você, que não é do mundo jurídico entenda melhor: O STJ é a instância superior dos processos infra-constitucionais. Só os casos que de alguma forma afetam as garantias da Constituição chegam ao STF.
Ele é formado por um terço de magistrados oriundos dos tribunais regionais federais, um terço de desembargadores oriundos dos tribunais de Justiça e um terço, em partes iguais, alternadamente, de advogados e de membros do Ministério Público Federal, estadual e do Distrito Federal.
A vaga a ser preenchida seria da cota da OAB. No entanto, nas três votações, todos os seis nomes apresentados tiveram poucos sufrágios, enquanto os votos em branco chegaram a somar 19 num dos três escrutínios.
Essa decisão reacendeu antiga discussão sobre os critérios de preenchimento das vagas de ministros e desembargadores do Poder judiciário.
A Associação dos Magistrados é contra essa cota destinada a advogados indicados pela OAB. Considera que todos os acessos devem ser reservados aos juízes de carreira, o que em tese tem uma certa lógica, embora, ao garantir a presença de representantes dos advogados e do ministério público, o presidente Getúlio Vargas tenha se inspirado num conceito plural sobre as instâncias superiores.
Eu acho que estamos diante de uma situação desconfortável. No caso do STJ, há esses critérios. No entanto, nas nomeações dos 11 ministros para o Supremo Tribunal Federal, a mais alta corte do país, não existe nenhum tipo de exigência.
É prerrogativa exclusiva do presidente da República e, podemos dizer que o Supremo jamais se deixou submeter politicamente. Sobre o STF, aliás, caberia uma outra discussão: a população dobrou desde que seus membros são fixados em 11. Há processos que dormitam em suas prateleiras há mais de dez anos. Não seria o caso de uma reavaliação de todo o sistema de formação do nosso judiciário?

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domingo, 17 de fevereiro de 2008

PORQUE HOJE É SÁBADO: MATÉRIAS PARA VOCÊ LER E REFLETIR

De: Pedro Porfírio
Para: Edson Nogueira Paim
Data: 16/02/08 07:58
Assunto: PORQUE HOJE É SÁBADO: MATÉRIAS PARA VOCÊ LER E REF LETIR


PORQUE HOJE É SÁBADO: MATÉRIAS PARA VOCÊ LER E REFLETIR

Nossos blogs agora têm filmes do YOU TUBE


Não deixe de ver uma verdadeira obra de arte e humor, com uma nova tradução de um filme sobre Hitler para a trapalhada dos cartões corporativos.

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Enviado por Cleia Carvalho

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O dia em que Brizola derrotou as pesquisas de encomenda e a fraude da Proconsult

No último reveillon de sua vida, Brizola recebeu os familiares e alguns poucos amigos. Banguense, como eu, ele me confidenciou algumas amarguras, mas ainda conservava muitas esperanças.

Aos oportunistas de hoje, que querem trocar as bandeiras de Brizola por certas pesquisas

"Eu vi
Vi um homem chorar porque lhe negaram o direito de usar três letras do alfabeto para fins políticos. Vi uma mulher beber champanha porque lhe deram esse direito negado ao outro.
Vi um homem rasgar o papel em que estavam escritas as três letras, que ele tanto amava. Como já vi amantes rasgarem retratos de suas amadas, na impossibilidade de rasgarem as próprias amadas".
Carlos Drummond de Andrade
(Jornal do Brasil, 15/05/80 )

No Rio de Janeiro, já estava "tudo dominado" quando ele ofereceu seu nome como candidato a governador, procurando principalmente reagrupar aqueles que viam nele a única esperança de uma verdadeira mudança no Estado dominado pelo MDB chaguista, que era uma espécie de quinta coluna da ditadura no partido "oposicionista".
No início do ano, só se falava em dois nomes: Miro Teixeira e Sandra Cavalcanti, que tinham, inclusive, participado de um debate na "Tv Globo", apareciam nas pesquisas como os melhores posicionados. Mesmo com seu nome já na boca do povo, Brizola não passava dos 2%. Sandra chegava perto dos 40%

Leia mais:

Por que Harvard e o Chase sonham subdividir o Brasil?

NOVA YORK (EUA) - Se Brasil, China, Índia e Indonésia, com quase metade da população do mundo e colossais recursos naturais, continuam a ser países em desenvolvimento, e pequenos países como Luxemburgo, Cingapura e Suíça, sem os mesmos recursos, estão entre os que prosperaram mais depressa depois da II Guerra Mundial, não seria melhor desmembrar os gigantes e pôr fim à obsessão deles com soberania nacional?

Claro que para nós, brasileiros, a tese é absurda. Mas é exposta desde 1999 como mais um possível efeito da globalização. E nasceu aqui nos EUA, sugerida por artigo da revista "Foreign Policy" (número do outono daquele ano), pelo professor Juan Enriquez, do Centro David Rockefeller para Estudos Latino-Americanos, um "think tank" da Universidade de Harvard, a principal do país.

Artigo de Argemiro Ferreira publicado em

http://www.novomilenio.inf.br/humor/0111f006.htm

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A Washington negra e pobre analisa a candidatura Obama

Os bairros afro-americanos do sul da capital estão mergulhados em segregação, pobreza e violência. "Terão de matar Obama, como todos os líderes negros", prevê uma eleitora

Eusebio Val, do La Vanguardia


Em Washington, bairros como o de Anacostia nunca saem nas fotos da capital neo-imperial americana. De Washington são famosas as imagens da liturgia do poder, do culto à própria história: o presidente no Jardim das Rosas da Casa Branca, a cúpula iluminada do Capitólio, a beleza geométrica dos monumentos de mármore no Mall. Mas a poucos minutos de carro, atravessando o rio Anacostia, aparece o rosto de uma das cidades mais segregadas dos EUA, os bairros afro-americanos mergulhados na pobreza e na violência. Bush só os sobrevoa de helicóptero durante um curto trajeto entre a base aérea de Andrews e a mansão presidencial.


Os vergonhosos lucros dos bancos

E O ITAÚ, AO CONTRÁRIO DO BRADESCO, NEM PARTICIPOU DA DOAÇÃO DA VALE

Surrealismo ou caso de polícia? O Banco Itaú fechou o ano de 2007 com lucro de 8 bilhões. Perdão, para ser mais exato: 8 bilhões e 400 milhões de reais. Parece máquina de faturar: o último trimestre de 2007 registrou lucro de 2 bilhões. Multiplicando por 4, exatamente 8 bilhões. Fato interessantíssimo: em 2006, o lucro do Itaú foi de "apenas" 4 bilhões, a metade. Qual foi o "serviço" prestado pelo banco que dobrou o lucro?Qual o "serviço" generoso, desprendido e até carinhoso que o Itaú prestou ao cidadão-contribuinte-eleitor, que fez seu lucro dobrar em apenas 1 ano (360 dias), e sem trabalhar aos sábados e domingos. É uma crueldade que os bancos (da mesma forma que os supermercados ou shoppings) não obtenham licença para "servir" o consumidor nos fins de semana.

Leia Hélio Fernandes em

http://www.tribunadaimprensa.com.br/anteriores/2008/fevereiro/14/coluna.asp?coluna=helio

sábado, 16 de fevereiro de 2008

1. JUIZ ALGEMADO PELA CORE.2. RECOMPENSA INDIGNA AOS APOSENTADOS DO AERUS. 3. DUPLO PAPEL DAS PESQUISAS ELEITORAIS.

De: Pedro Porfírio
Para: Edson Nogueira Paim
Data: 13/02/08 03:05
Assunto: 1. JUIZ ALGEMADO PELA CORE.2. RECOMPENSA INDIGNA AOS APOSENTADOS DO AERUS. 3. DUPLO PAPEL DAS PESQUISAS ELEITORAIS.




Estamos querendo sua opinião sobre a mudança no nosso JORNAL POR CORRESPONDÊNCIA


NEM JUIZ ESCAPA DE POLICIAIS ARBITRÁRIOS

MINHA COLUNA NO JORNAL POVO DO RIO DE 13.2.2008

Nestes tempos de "guerra urbana" estimulada pelo governador Sérgio Cabral, com o culto cego às "tropas de elite", o constrangimento vivido pelo juiz federal Roberto Schuman na noite de uma segunda-feira de carnaval, tendo como pano de fundo os arcos da Lapa, revela o retrato sem retoque de um ambiente onde está cada dia mais difícil ser cidadão.

LEIA MAIS EM

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RECOMPENSA INDIGNA

Aos 80 anos, Waldir de Abreu cortou a assinatura de revistas, suspendeu idas a restaurantes e vendeu o apartamento de Capão da Canoa no qual veraneou por 12 anos. Ex-professor e ex-mecânico da Varig, está confinado à própria casa, em Porto Alegre, enquanto trata uma leucemia e assiste ao patrimônio murchar.

A queda no padrão de vida tem pouca relação com a doença. Abreu sofre do mesmo mal de outros 6.329 aposentados da Varig: está perdendo o benefício privado aos poucos. A contenção de gastos foi deflagrada em 12 de abril de 2006. Nesse dia, a Secretaria de Previdência Complementar encerrou os planos 1 e 2 da Varig no Instituto Aerus (que administra outros 27 planos de 22 empresas distintas).

De lá para cá, o instituto está devolvendo aos aposentados os valores recolhidos ao longo dos anos. Porém, o Aerus não tem recursos para quitar a dívida por completo. Por isso, a aposentadoria privada de Abreu caiu de R$ 3,2 mil para R$ 109 - sem contar os R$ 1,4 mil que recebe do Instituto Nacional do Seguro Social - desde abril de 2006.
LEIA MAIS EM

http://www.amvvar.org.br/

O duplo papel das pesquisas eleitorais: eleitora de quem está na frente, adversária de quem está atrás

As pesquisas têm exercido grande influência sobre a decisão de voto do eleitorado. Especialmente nos pleitos onde há um número maior de candidatos, parece haver um certo interesse da mídia em que haja uma polarização entre os candidatos mais bem colocados nas pesquisas eleitorais. Desta forma, as pesquisas passam a ocupar um papel todo especial no processo eleitoral, com efeitos nem sempre muito agradáveis à maioria dos candidatos. A partir de estudos como a espiral do silêncio, desenvolvidos por Elisabeth Noelle-Neumann, este trabalho procura mostrar como o fenômeno do "voto útil" pode sepultar candidaturas potencialmente viáveis. LEIA EM

http://hdl.handle.net/1904/17491

domingo, 10 de fevereiro de 2008

Uma reflexão sobre os militares no contexto da soberania nacional do Século XXI (Pedro Porfírio)

De: Pedro Porfírio
Para: Edson Nogueira Paim
Data: 09/02/08 15:11
Assunto: Aos meus leitores, parceiros e amigos: ESSA PESQUISA PODE VIRAR UM LIVRO




Espero que você possa me ajudar a concluir este trabalho, oferecendo mais informações


Uma reflexão sobre os militares no contexto

da soberania nacional do Século XXI

Amigos e amigas:

Há alguns dias, movido pelo mais patriótico dos sentimentos e dotado de um senso crítico o mais imparcial possível, mergulhei numa pesquisa para entender o PORQUE das políticas de total desinteresse dos últimos governos em relação às Forças Armadas.
Moveram-me inicialmente três preocupações:

1) a vulnerabilidade do país como nação de riquezas por explorar e um espaço gigantesco cobiçado - a Amazônia, mais do que O PULMÃO DO MUNDO;

2) a desmotivação dos militares, cujos vencimentos são cada vez mais precários e secundarizados em relação às demais atividades de Estado e

3) o estado obsoleto dos equipamentos militares, ao lado da inexistência de um projeto de atualização tecnológica.

Tudo começou com um emocionante e-mail de uma leitora, a propósito da mobilização das esposas dos militares para garantir o que já fora apalavrado no final do ano passado - uma atualização ainda que limitada dos vencimentos da tropa.

Como jornalista inquieto, que teve a carteira assinada como repórter do jornal ÚLTIMA HORA, no dia 17 de fevereiro de 1961 - portanto antes de completar 18 anos - percorri diversos caminhos e tomei várias direções.

Independente de minha formação nacionalista que pode inconscientemente conter um certo ingrediente xenófobo, quis projetar o Brasil de amanhã, onde meus dois "filhos-netos" vão ter que "SABER MUITO" em suas profissões para ter uma vida digna sem se afastar da minha própria razão de ser - a honestidade acima de tudo.
Nesse mergulho, nem sei o que de fato aconteceu no carnaval, Soube de uma ou outra coisa pelas manchetes dos jornais, que leio no café da manhã. Praticamente aboli a leitura dos e-mails, que costumo responder em média de vinte por dia, e esqueci duas preocupações que me dizem respeito diretamente:

1. O golpe solerte e insustentável à luz do direito de que tenho sido vítima no âmbito da Justiça de segunda instância do TJ-RJ, que por uma limitar inacreditável me afastou da Câmara Municipal do Rio de Janeiro para beneficiar o suplente, sob a alegação mentirosa de que, por pura ilação abusiva, eu teria renunciado ao mandato quando ainda não exercia e fora dos procedimentos previstos constitucionalmente, algo que FICARÁ COMO UMA MANCHA INDELÉVEL A FACE RUBRA JUSTIÇA BRASILEIRA;

2. A minha compreensão sobre o processo político na cidade do Rio de Janeiro, exposta a um ambiente da mais absoluta mediocridade, com o mais abominável desprezo pelo interesse público, em proveito de ambições personalistas, o que me levou a oferecer meu nome como pré-candidato a Prefeito da cidade, dentro do PDT, algo que certamente será uma batalha muito difícil, até por minhas características pessoais: quem me conhece sabe que sou O AVESSO DO POLÍTICO TRADICIONAL HIPÓCRITA E ENGANADOR, PARA O QUAL SÓ CONTA CHEGAR AO PODER E DELE TIRAR O MÁXIMO DE PROVEITO PESSOAL.
Fique claro, para que não manipulem mais uma vez o que escrevo, que não pretendo em HIPÓTESE ALGUMA abrir mão do direito ao mandato que a Justiça demora em devolver, mesmo sabendo que não podia tê-lo expropriado, nem tão pouco vou deixar de tentar demonstrar que, aos 65 anos de muito chão percorrido, sou o nome mais preparado dentro do PDT para disputar a eleição majoritária, ainda que isso implique em abrir mão de um quinto mandato de vereador, certamente mais fácil de conquistar.

Mas a ansiedade em relação ao Brasil do Século XXI, o Brasil dos meus filhos-netos e dos meus netos, me levou a um MERGULHO NAS PROFUNDEZAS DO QUE RESTA DE VERDADE, extrapolando as fronteiras de minha proposta inicial e permitindo descobertas jamais imaginadas, inclusive da natureza do processo de poder no Brasil dos últimos 50 anos, onde os militares foram levados a um golpe de Estado para preservar a hierarquia e impedir a "ameaça comunista". Comandados por uma cúpula que gostou de mandar e desmandar com o apoio da força, os militares blindaram nesses 20 anos um regime autoritário acreditando que não havia outra opção. E só foram descartados no dia em que abriram os olhos e decidiram tomar algumas decisões estratégicas independentes, das quais a mais suicida foi a assinatura do acordo nuclear com a então Alemanha Ocidental, em 1975, contrariando interesses do complexo econômico norte-americano, especialmente de westinhouse, que já havia fornecido o primeiro reator, em 1971.

Descobri tanta coisa que, já tendo escrito 67 mil caracteres (equivalentes a 11 colunas de 6 mil caracteres na TRIBUNA DA IMPRENSA) acho que ainda terei muito o que farejar e revelar.
É nesse sentido que lhe escrevo hoje, após mais uma madrugada inteira de trabalho, aproveitando essa mágica ferramenta da Internet.
Creio ter reunido ingredientes para um novo livro - o oitavo - (ou uma revista de debates) e para oferecer a todos os brasileiros, "gregos e troianos", uma contribuição séria que poderá ensejar o renascimento de um pensamento atuante para além da WEB.
Sim, porque não é crível que o nosso povo tenha sido aprisionado pela síndrome da mais deplorável alienação, indo às ruas apenas pelo prazer hedonista compensatório, em manifestações de incontida catarse que levaram dois milhões atrás do "Galo da Madrugada", em Recife, outros tantos, por uma semana, ao som do trio elétrico em Salvador e 500 mil, numa instável manhã de sábado no sarro do Cordão do Bola Preta do Rio de Janeiro, sem falar dos que juntaram suas economias e fizeram dívidas para desfilar nas escolas de samba ou ir aos sambódromos fruir de seus encantos sensuais, luxo, beleza e a mesma "mis en scène" de todos os anos, com algumas novidades marcadas pela substituição do verdadeiro sambista por exibicionistas que fazem do desfile uma festa cada vez mais distante de suas raízes negras e cada vez mais espetaculosa por quem não sabe o que é o samba no pé.
O objetivo desta comunicação é pedir sua colaboração, através de comentários, informações, documentos, o que esteja a seu alcance. A proposta do livro é tratar do papel dos militares no contexto da soberania nacional desses novos dias em que a nossa Amazônia está sendo violentada por todos os flancos, através de artimanhas cínicas, como a infiltração de organizações não-governamentais financiadas por ambiciosos interesses apátridas, que se valem de causas generosas - como a indígena e a ecológica - como cavalos de tróia de sua desnacionalização.
Estou chegando ao âmago do complô, mas vejo claramente que ainda há muito que descobrir, tal a abrangência do processo de desfiguração do país, que leva a um estado de falência moral, em função da qual, como cita o professor Marco Cepik, em brilhante estudo sobre "Regime político e sistema de inteligência no Brasil: legitimidade e efetividade como desafios institucionais", os dados da pesquisa de opinião Latinobarómetro para 2004 indicam que apenas 4% dos entrevistados no Brasil confiam nas outras pessoas.
Creio ter chegado a hora de uma corajosa reflexão que envolva todos os brasileiros que ainda acreditam na força do pensamento e estejam dispostos a somar sua sensibilidade ao imperativo de uma nova missão.
Espero que você me ajude nessa tarefa, que é de todos nós, patriotas sobreviventes.
Aguardo sua palavra.
Pedro Porfírio

sábado, 9 de fevereiro de 2008

OS SOLDOS DOS MILITARES E A "REALIDADE DO MERCADO"

De: Pedro Porfírio
Para: Edson Nogueira Paim
Data: 07/02/08 23:17
Assunto: OS SOLDOS DOS MILITARES E A "REALIDADE DO MERCADO"


OS SOLDOS DOS MILITARES E A "REALIDADE DO MERCADO"

MINHA COLUNA NA TRIBUNA DA IMPRENSA DE 8 DE FEVEREIRO DE 2008


http://www.tribunadaimprensa.com.br/coluna.asp?coluna=porfirio

"Nós não temos a menor condição de decidir nenhum aumento de pessoal no momento em que eu tenho um desequilíbrio no Orçamento. Eu preciso primeiro resolver os problemas do Orçamento para depois tratar disso"
Paulo Bernardo, ministro do Planejamento.
Volto a insistir: a ninguém de boa fé é lícito embarcar nessa orquestrada desmotivação da atividade profissional dos militares. Mais do que qualquer outro país do nosso Continente, o Brasil precisa garantir-lhes o mínimo de condições de trabalho, porque, independente de qualquer sistema, de qualquer visão ideológica, as Forças Armadas sempre existirão como espinha dorsal da nacionalidade: elas atravessarão os anos e os séculos, indiferentes a eventuais (e inevitáveis) erros e desvios que alguns dos seus comandantes possam ensejar.
Nos dias de hoje, perder de vista o papel decisivo de um contingente militar remunerado dignamente é transformá-lo no maior exemplo das distorções salariais no quadro das atividades de Estado. Deixá-lo sem meios operacionais adequados é abrir um perigoso fosso na segurança nacional e estimular a consolidação do projeto de apropriação mansa e pacífica de nossas riquezas, através de ardilosas manobras, que vão desde a privatização de empresas estratégicas, como a Vale do Rio Doce, até o acintoso franqueamento da nossa Amazônia.
Outro dia, comparei os soldos das Forças Armadas, aos vencimentos dos policiais militares do Distrito Federal. Nessa aritmética, os integrantes das três armas já saem perdendo. A Polícia do DF, paga com recursos da União, é a massa militar melhor remunerada do país. No entanto, a remuneração baixa de um soldado do Exército é também inferior ao da PM alagoana, considerada a que paga os piores vencimentos: R$ 850,00 contra R$ 772,00 do soldado engajado.
Mas se você comparar o soldo de um oficial que passa 30 anos de dedicação exclusiva, sujeito a servir em qualquer parte do país, com um jovem magistrado, vai cair de costas.
Enquanto um oficial no topo da carreira não chega a R$ 14 mil, incluindo todas as vantagens como tempo de serviço e habilitação em cursos especializados, um jovem com três anos de diploma e menos de 30 anos de idade pode ingressar na magistratura com o vencimento inicial de R$ 20.900,00.

Diferenças humilhantes

Sobre as diferenças entre o que ganha a tropa e outros segmentos do Serviço Público, o general-de-divisão reformado Synésio Scofano Fernandes fez um meticuloso estudo comparativo, que, por si só, é um ingrediente explosivo na medida em que demonstra com números oficiais estarem os militares em piores condições remuneratórias, perdendo, inclusive, para a média dos servidores civis do Executivo, que padecem de um arrocho salarial impiedoso.
Seu relato, baseado no Boletim Estatístico de Pessoal do Governo Federal, mostra que a média de vencimentos totais entre militares é de R$ 3.047,00 (excluindo desse cálculo os recrutas, considerados efetivos variáveis, que ganham uma miséria).
Na sua comparação, esse vencimento médio perde de longe para o Ministério Público Federal, cuja média é 355,45% superior, para o Judiciário (306,95%), Banco Central (265.50%), Legislativo (256,15%), empresas públicas (120,31%) e servidores civis da administração direta (29,85%).
Difundido e reproduzido em dezenas de sites de acesso dos militares, esse documento faz comparações apenas no âmbito do Serviço Público Federal. Ele não considera remunerações fora da área do funcionalismo, como se só fosse possível apontar injustiças e incongruências entre os que recebem diretamente do erário. Como se a remuneração da área privada fosse dinheiro que caísse do céu.
Os militares nunca atentaram para os super-salários dos executivos das grandes multinacionais, inclusive das privatizadas e as concessionárias dos serviços públicos. Mas os números indicam uma distância humilhante entre o que é pago a um executivo, em média com 40 anos de idade, e um general de 4 estrelas, com mais de 30 anos de tropa. A existência desse mercado em ascensão tem levado muitos oficiais a abandonarem a farda e colocarem seus conhecimentos adquiridos nas escolas militares a serviço dessas empresas, muitas, como a Vale do Rio Doce, dedicadas a atividades sobre a exploração de áreas estratégicas.

"Pessoas jurídicas"

O "boom" dos salários dos executivos aconteceu após a farra das privatizações. Em maio de 2002, a revista VEJA publicou:
"A Perfil Consultores concluiu um estudo sobre a remuneração dos superexecutivos brasileiros. Foram pesquisados os salários nas empresas com faturamento anual acima de 1,5 bilhão de dólares. O trabalho mostra que os executivos conseguiram aumento no ano passado quase duas vezes maior que a inflação. Uma curiosidade: o mais bem pago do país levou para casa 3,3 milhões de reais em 2001".
Toda essa elite econômica costuma mascarar-se de "pessoa jurídica" individual para passar a perna no Imposto de Renda, o que nenhum militar ou funcionário público pode fazer. Daí a valorização recente dos contadores e profissionais da área financeira, que passaram a ser incluídos nas cúpulas das grandes empresas.
Segundo o professor Fábio Konder Comparato, da USP, "Mais da metade do PIB brasileiro não é contabilizada. São trilhões de reais sonegados por grandes empresas e corporações. Com um poder aquisitivo desses compra-se tudo, até a impunidade".
Mas a cabeça manipulada do cidadão comum, seja civil ou militar, não tem a menor idéia da concentração de renda, que faz com que 130 mil pessoas detenham metade do Produto Interno Bruto no Brasil, algo em torno de 1 trilhão de reais, segundo revelou o The Boston Consulting Group (BCG), no início de 2008, com números da Receita Federal.
Na análise comparativa dos soldos dos militares, não se pode omitir o quadro salarial como um todo. Um estudo do IPEA divulgado em outubro de 2007 conclui que a diferença entre o menor e o maior salário no Brasil é de 1.714 vezes, isso considerando a premissa de que o maior salário é de um Executivo da Região Sudeste, que ganha R$ 120.000,00 e o menor, o de um trabalhador do setor de serviços da mesma região, que receberia por mês bem menos do que o salário mínimo, isto é, não mais de R$ 70,00.
No setor público, a pesquisa oficial é também falha, pois trata tão somente dos vencimentos dos estatutários da administração direta, para encontrar R$ 28 mil como a maior remuneração, esquecendo de anotar os penduricalhos no Judiciário e no Legislativo, que podem dobrar esse valor, e os salários em estatais, fundações e no sistema "S", mantido pelo desconto na folha salarial dos trabalhadores.

Em tempo: dediquei todo o carnaval às pesquisas sobre a questão dos militares, preparando um trabalho com a minha visão e as minhas informações sobre todo o processo histórico que levou à situação atual. Ainda não acabei o texto, que já soma quase 47 mil caracteres, isto é, o equivalente a quase oito colunas na TRIBUNA. Tão logo conclua e ponha no blog, farei uma correspondência informando.
Pedro Porfírio

HORA DE CAIR NA REAL

Minha coluna no POVO DO RIO de 8 de fereiro de 2008

Agora que o carnaval passou, é de se perguntar quando é que o nosso povo vai cair na real. Isso mesmo: cair na real. Porque em matéria de fantasias, descontração e vocação festiva ninguém chega perto dos brasileiros.
Desculpe, não quero ser o estraga prazer. Mas, meu Deus, já pensou se aparece um maluco com a idéia de promover um carnaval a cada três meses? Esse lunático teria até como argumentar: afinal, esse corpo que dança e está à mostra, dos pés a cabeça, como nos tempos áureos de Adão e Eva, é um forte apelo turístico.
E não há uma indústria mais sintonizada com a natureza do brasileiro, especialmente dos moradores desta cidade que nessas horas parece maravilhosa.
Eu passei esses dias todos enfurnado numa pesquisa sobre salários dos militares e dos civis, esse drama todo que não é suficiente para conter 500 mil pessoas na Avenida Rio Branco, atrás do Cordão do Bola Preta, em plena manhã de sábado.
Estou realmente invocado com a concentração da grana na mão de uma ínfima minoria. Mas chegou a pensar que sou um "ET". Pelo som dos tamborins e as latas de cerveja espalhadas nas calçadas, fico a imaginar que ando com a idéia do personagem do "Alienista", a obra genial de Machado de Assis.
Você já parou para pensar? Então fica com essas informações: Um estudo do IPEA , órgão do governo federal, divulgado em outubro de 2007 conclui que a diferença entre o menor e o maior salário no Brasil é de 1.714 vezes, isso considerando a premissa de que o maior salário é de um Executivo da Região Sudeste, que ganha R$ 120.000,00 e o menor, o de um trabalhador do setor de serviços da mesma região, que receberia por mês bem menos do que o salário mínimo, isto é, não mais de R$ 70,00.
No setor público, a pesquisa oficial é também falha, pois trata tão somente dos vencimentos dos estatutários da administração direta, para encontrar R$ 28 mil como a maior remuneração, esquecendo de anotar os penduricalhos no Judiciário e no Legislativo, que podem dobrar esse valor, e os salários em estatais, fundações e no sistema "S", mantido pelo desconto na folha salarial dos trabalhadores.
Um outro relatório, divulgado no início deste ano pelo The Boston Consulting Group (BCG), com base em números da Receita Federal, revela que 130 mil pessoas têm metade do nosso Produto Interno Bruto (a soma de nossas riquezas) , algo em torno de 1 trilhão de reais.
Eu me toco com isso. Muitos que não sabem nem onde cair morro estão mais ligados na modelo que perdeu o tapa-sexo e no sarro que pode tirar no Bola Preta ou nos encantos da Beija Flor.
coluna@pedroporfirio.com

LEIA AS DUAS COLUNAS EM

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terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Sem Forças Armadas motivadas, o que será do Brasil? (Pedro Porfírio)

De: Pedro Porfírio
Para: Edson Nogueira Paim
Data: 31/01/08 23:12
Assunto: SEM AS FORÇAS ARMADAS MOTIVADAS O QUE SERÁ DO BRASIL?


SEM AS FORÇAS ARMADAS MOTIVADAS O QUE SERÁ DO BRASIL?

MINHA COLUNA NA TRIBUNA DA IMPRENSA DE 1 DE FEVEREIRO DE 2008


Sob a bandeira do ambientalismo, um número de ONGs que o governo brasileiro não contabiliza atua como instrumento político de governos e empresas na defesa de interesses políticos ou financeiros na Amazônia. A presença das Forças Armadas é a garantia institucional da defesa de nossa riqueza mais cobiçada.

http://www.tribunadaimprensa.com.br/coluna.asp?coluna=porfirio

"Ao contrário do que os brasileiros pensam, a Amazônia não é só deles, mas de todos nós."

Al Gore, ex-Vice Presidente americano, Premo Nobel da Paz de 2007 e grande estrela da mídia como "defensor do meio ambiente".

Ao debruçar-me com a devida responsabilidade sobre as políticas públicas para as Forças Armadas, não posso esconder minha perplexidade.

Você não tem uma idéia da sucessão de erros que projeta um buraco gigantesco num amanhã bem próximo. A permanecer a tendência atual, daqui a pouco não será fácil encontrar quem queira servir às Forças Armadas, tal a baixa competitividade dos seus vencimentos, em todos os escalões, e a falta de condições operacionais, fatores que afetam em cheio a dignidade de um segmento envolto numa mística e em compromissos que vão além da paixão e dos deveres profissionais.

Eu diria que essa coleção de equívocos e até de imprudentes solapamentos ganhou uma configuração mais nítida a partir da criação do Ministério da Defesa, segundo o modelo norte-americano, que acabou confiando o conjunto dos complexos assuntos militares a pessoas sem a necessária vivência dos mesmos, sem compreensão estratégica do papel militar e sem o conhecimento e cultura indispensáveis a respeito.

Um desastre após outro

O resultado dos últimos anos tem sido um desastre após outro, com a triste rotina de uma verdadeira queda de braços - humilhante porque, na hora de botar a boca no mundo, como é da essência da sociedade democrática, os militares precisam se valer de suas esposas, dos inativos ou recorrer a subterfúgios como doar sangue para expressar seu descontentamento.

Esse quadro deprimente produz um tipo de confronto silencioso, mas de ardilosa manipulação. Para qualquer um contingenciado pela disciplina, uma de suas místicas mais sagradas, toda essa indiferença à sua sorte tem conteúdo ideológico. É como se ele estivesse sofrendo a revanche de situações preteridas.

As aflições e os nervos à flor da pele engendram a idéia de que tudo não passa de uma conspiração de esquerda para reduzir a tropa a um estamento simbólico. Isso escamoteia a verdade "verdadeira". Está em prática uma "nova doutrina", alimentada pelas grandes multinacionais, especialmente os sistemas financeiros, a partir do fim da guerra fria e do fracasso dos beligerantes de ambos os lados, em face de fatores críticos novos e diferenciados, sobretudo pela mudança do viés da supranacionalidade e do avanço da tecnologia, com a superposição do segmento econômico de serviços sobre os industriais e agro-pastoris.

O Estado Mínimo

Para entender o que se passa em relação aos militares brasileiros, é preciso partir da análise do "Consenso de Washington" e de outras teses, que incluem a idéia do "Estado Mínimo", o fim das fronteiras nacionais e uma espécie de rearrumação do sistema de poder, que na prática já acontece com a interatividade internacional dos investimentos especulativos. Você pode se posicionar em relação às aplicações na Bovespa a partir das primeiras informações sobre o desempenho das bolsas asiáticas, num ritual que já subtrai sem constrangimento a independência dos centros nervosos da economia de cada país.

Isso quer dizer claramente: A macro-economia internacional engendrou outros referenciais e hoje não se pode dizer que esse ou aquele país nos ameaça. As hidras que se infiltram sobre nossos territórios não estão sujeitos a controles de nenhum país, de nenhum governo.

São grandes complexos econômicos que podem pagar às melhores cabeças e produzir controles remotos, robôs, tudo o que precisam para refazer o mapa do mundo.

Depois que descobriram as serventias do "terceiro setor", essas ONGs com discursos direcionados, os cabeças desses complexos concluíram, a partir de estudos científicos, que precisam bancar a miniaturização das Forças Armadas nos países alvos.

Mais do que qualquer outro país, o Brasil precisa de uma política militar sólida e fortalecida, independente dos outros, tanto pela dimensão do nosso território, a extensão das nossas fronteiras, como, principalmente, pela camuflada ocupação estrangeira de nossa maior riqueza, a Amazônia e da necessidade de proteger nossa "Amazônia Azul" - os 7.491 km de fronteira marítima, que formam a gigantesca Área Marítima Jurisdicional, (onde dispomos de grandes reservas de petróleo) de 4.451.766 km2, mais da metade (52 %) do território continental, de 8.511.965 km2.

A necessidade de um complexo militar em condições de cumprir suas funções de defesa vai muito além dos fantasiosos conflitos entre nações.

E exige uma revisão urgente, sem matizes ideológicos, porque o somatório de erros poderá ser fatal para a soberania do Brasil e para a vida da sociedade brasileira. Esses erros começam pelo virtual aniquilamento do serviço militar obrigatório, de tanta importância para nossa juventude sem rumos, até o desprezo pelo conhecimento, a dedicação e o patriotismo inerentes á vida na caserna.

Do jeito que as coisas estão indo, até os cursos superiores das Forças Armadas, que se incluem entre os melhores do Continente, vão acabar tendo sua finalidade deturpada: ao invés de formarem oficiais especializados, vão acabar se convertendo, como já acontece pontualmente, em produtores de profissionais altamente qualificados para as grandes multinacionais que pagam muito mais.

Nessa faina impatriótica de desmotivação dos militares, os interesses "ocultos" jogam com feridas não cicatrizadas e visões primárias de tecnocratas delirantes, os quais escondem da sociedade um perigoso vexame: segundo fontes merecedoras de crédito, a FAB só consegue operar com 37% de seu poder aéreo e todos seus aviões têm mais de 15 anos de uso. Na Marinha, de toda sua frota, apenas 10 navios estão em condições de combate. No Exército a sucatagem bélica é ainda maior. Segundo levantamento, por falta de investimentos, o Programa Nuclear Brasileiro já provocou um prejuízo de U$ 1,1 bilhão. Os equipamentos de artilharia são semi-obsoletos e estão em péssimo estado de conservação, sujeitos, inclusive, a um racionamento de combustível e à falta de peças.

Diante de um quadro de ostensiva depreciação do Estado e, dentro dele, de sua estrutura militar, é responsabilidade de todos, independente de ódios internalizados, procurarem entender o que realmente está por trás dessa trama, algo que faz do Brasil continental um dos países com menor participação dos gastos em defesa no seu PIB - menos de 1,6% contra 3% da média mundial, uma ninharia se considerarmos os 5% do Poder Judiciário e os 3,98% do tal superávit primário - as restrições orçamentárias para pagar os juros da dívida.

Por questão de espaço, vou parando por aqui. Voltarei ao assunto,mas desde já você poderá encontrar a segunda parte desta matéria em http://colunaporfirio.blogspot.com

coluna@pedroporfirio.com

EM TEMPO: Nesses dias, reuni muitas informações sobre a nossa atual "questão militar". Nessa coluna, você tem apenas alguns enfoques do meu trabalho. Espero nas próximas horas dar continuidade, publicando mais material no blog da coluna e enviando por e-mail. Peço desculpas às pessoas às quais ainda não responde sobre os primeiros comentários. Pretendo conversar com cada uma, como de hábito.


Porfírio




Esta matéria está publicada, tambem na Tribumna da Imprensa

http://www.tribunadaimprensa.com.br/porfirio.asp