quinta-feira, 28 de abril de 2011


Enquanto governador busca maior aproximação, senador endurece discurso


THAÍS ARAÚJO
Anastasia
Anastasia e o ministro do Supremo Gilmar Mendes participaram de seminário na quarta em Brasília
BRASÍLIA - No momento em que o governador Antonio Anastasia (PSDB) estreita sua relação com a presidente Dilma Rousseff e cola sua imagem no processo de garantia de recursos federais para a duplicação da BR-381 em Minas, o senador Aécio Neves (PSDB) decidiu endurecer o discurso contra a forma de a União gerir as rodovias que cortam o Estado.

Às vésperas da publicação do edital de dois lotes para as obras de duplicação da BR-381 - entre Belo Horizonte e Ipatinga, a chamada Rodovia da Morte -, prevista para até 30 de maio, Aécio ressuscitou uma de suas teses: a estadualização das estradas federais, transferindo a competência da manutenção para os governos estaduais.
Tudo isso, claro, desde que haja o repasse integral da Contribuição sobre Intervenção do Domínio Econômico (Cide), que hoje é de 29%.

Conforme o senador, a queda da ponte sobre o Rio das Velhas no quilômetro 454, em Sabará, seria mais uma prova da incapacidade de o Governo federal cuidar das rodovias.

"O que eu tenho defendido é que essa figura esdrúxula que só existe no Brasil, de rodovias federais, deixe de existir. E, obviamente por etapas, portanto, dentro de um planejamento, defendo que as rodovias federais passem à gestão dos estados com a transferência dos recursos para os estados", afirmou.

Aécio chegou a dizer que o rompimento de um dos pilares da ponte, que levou ao afundamento da pista e a sua interdição desde o feriado da Semana Santa, transformou em caos a vida da população que depende da ponte, embora uma passarela improvisada esteja sendo utilizada.

Anastasia vem, nos bastidores, disputando com a bancada mineira da base governista no Congresso Nacional o papel de protagonista na garantia dos recursos para investimentos na BR-381 e no Anel Rodoviário de Belo Horizonte.

O governador tem mantido uma boa relação com a presidente Dilma e, em visita a Brasília, não deixa de discutir o assunto.

"Este é um compromisso que o Governo federal tem de cumprir com Minas Gerais, e a sociedade aguarda ansiosa", afirmou na quarta-feira.

Único governista da bancada de Minas no Senado, Clésio Andrade (PR) considerou descabida a proposta de Aécio, alegando que "não se pode começar do zero o que já está 90% resolvido".

Para ele, não haveria problema em o Governo do Estado participar dos investimentos". Não faz sentido assumir só o bônus da estadualização (com a transferência total dos recursos da Cide).

Clésio, que lidera o grupo de parlamentares em negociação com o Ministério dos Transportes para atrair recursos para obras no Estado, evita um enfrentamento com Anastasia.

Para ele, a boa relação e aproximação do governador com a presidente são características do perfil dos dois.

"Ele é respeitado pela área federal", disse. Já sobre a diferença do tom de Aécio frente às ações de Anastasia, Clésio afirmou que um é gestor e o outro político.

"Em Minas a gente aprendeu que o principal homem público é o governador que está em gestão.

Depois vêm os outros".