"O brasileiro admira muito é quem soube se fazer na vida." (João Ubaldo Ribeiro, em sua crônica de ontem no jornal O GLOBO)
O que de excepcional teria feito o governo do sr. Luiz Inácio para chegar aos píncaros na bolsa da popularidade? Passei horas e horas tentando decifrar o verdadeiro enigma da pesquisa Datafolha que anuncia o sucesso sem precedentes do nosso presidente, brindado com 70% da aprovação popular, algo que nenhum antecessor sequer beirou desde a caricata "redemocratização".
E cheguei a uma conclusão patética, meio na linha do raciocínio do João Ubaldo Ribeiro, que dedicou sua crônica de ontem à "popularidade do homem": toda essa escalada vem do brilho de quem nada faz e é impulsionada pela imagem assustadora dos seus adversários.
É isso mesmo. O sistema bancou a desinformação do povo até obter o mais alto nível de despolitização, que se reflete na confirmação do congelamento crítico e da assimilação por exclusão.
Aos olhos do povo, inclusive agora da escolaridade razoável, Lula cresce na comparação. Ele seria melhor do que as velhas raposas que dominaram por décadas e, embora não faça nada diferente, antes pelo contrário, pelo menos é um dos "nossos", alguém que também já comeu do pão que o diabo amassou.
Vírus da despolitização
Com sua linguagem desabrida, o ex-metalúrgico está mil vezes mais próximo do cidadão inseguro do que autoridades arrogantes, como o ministro Gilmar Mendes, cabeça de um judiciário claudicante, que detém poderes inquestionáveis e assume posturas tenebrosas na explicitação de uma interpretação capciosa do direito.
Lula se converteu na referência palpável de uma democracia que hoje não tem motivo nenhum para comemorar o fim da ditadura, até porque os que agora atiram as pedras no regime militar juntam-se aos mesmos que dele se serviram para encher suas burras, colaborando da forma mais canalha sempre sob a proteção do manto da hipocrisia.
Para multiplicar o vírus despolitizante que o sistema inoculou no povo brasileiro nada como uma mídia mediocrizada até a medula. Nestes dias em que apenas 14% dos entrevistados afirmam estar bem informados sobre a crise internacional, os nossos bravos jornalistas dedicam boa parte de seu noticiário às disputas pelas presidências da Câmara e do Senado, como se isso tivesse alguma importância para o cotidiano do cidadão habituado a só fechar as portas depois de arrombadas.
A supervalorização desse tipo de notícia serve tão-somente para sedimentar um clima de torcida, uma idéia marota e artificial de confrontos, produzindo efeitos diversionistas, deliberados ou decorrentes do despreparo e da pobreza intelectual dos escribas. Estes, aliás, não ficam muito atrás do populacho no besteirol que campeia glorioso nesse amesquinhado e amestrado país do faz de conta.
Resultado demolidor
O resultado dessa despolitização cultivada é demolidor: 70% dos brasileiros consideram o governo Lula ótimo ou bom. Nenhum presidente no Brasil desde a redemocratização atingiu esse patamar. O recorde anterior já pertencia ao próprio: 64% o avaliavam positivamente em setembro.
Ainda segundo a festejada pesquisa, divulgada paradoxalmente numa hora de estonteantes turbulências e terríveis prenúncios, Lula teve reforçado agora o apoio entre os mais jovens, os mais escolarizados e no Sudeste (todos, com mais nove pontos).
A melhora na avaliação se deu, principalmente, pela redução do percentual de brasileiros que consideram seu governo regular: eles caíram de 28% em setembro para 23% hoje. De 0 a 10, a nota média atribuída ao governo Lula também atingiu um recorde, chegando a 7,6, contra 7 em setembro.
Em outros tempos, para um governante merecer os aplausos de dois em cada três brasileiros, alguma coisa de inesquecível teria saído de sua lavra. Abro todo o espaço disponível para que você, caro leitor, diga o que tenha a dizer, mostre sinais de algo que se aproxime da retumbância refletida na tal pesquisa.
Esperança compensatória
Dir-se-ia que está na gênese do povo brasileiro a "esperança compensatória", isto é, quanto mais explícitos os maus presságios, mais acalentadores os sinais da reviravolta implícita.
É o que se pode deduzir dessa mesma pesquisa:
Apesar da gravidade da crise mundial e do prenúncio de seus reflexos no País, o brasileiro está otimista quanto a 2009. Segundo pesquisa realizada entre os dias 25 e 28 de novembro, 78% declaram que sua vida vai melhorar, enquanto apenas 3% afirmam que vai piorar no ano que vem. Para 14%, a vida pessoal permanecerá como está.
A aposta em um ano novo melhor em comparação a 2008 chega a 82% nas regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste. Essa expectativa é de 75% na região Sul e de 74% no Sudeste.
A pesquisa revela ainda que 78% dos entrevistados com renda de dois a cinco salários mínimos mensais acreditam que sua vida vai melhorar em 2009. Essa taxa é de 77% entre aqueles com faixa mensal de cinco a dez mínimos.
O otimismo é maior - 83% - entre os entrevistados de 16 a 24 anos e cai a 62% entre aqueles com mais de 60 anos.
Segundo o Datafolha, a vida do Brasil vai melhorar na opinião de 66% dos entrevistados com nível de escolaridade fundamental. Essa expectativa é de 65% entre aqueles com nível médio de ensino. Mas cai 11 pontos - para 54% - entre os brasileiros com nível superior.
Otimismo de causar espanto
A pesquisa mostra ainda que 60% dos brasileiros acreditam que sua situação econômica vai melhorar nos próximos meses. Há um ano, no fim de novembro de 2007, em plena euforia da economia, esse índice era de 54%. No fim de março deste ano, era 53%. Em oito meses, a taxa dos que acreditam numa situação econômica melhor subiu sete pontos.
Finalmente, para 67% dos entrevistados o Brasil está melhor desde a eleição de Lula. Esse índice chega a 78% no Nordeste e a 71% nas regiões Norte e Centro-Oeste. No Sudeste, é de 62%, sendo de 57% no Sul.
Segundo a pesquisa, o País está igual para 24% e piorou na opinião de 6% dos brasileiros. Os números da pesquisas continuam a me confundir, apesar de considerar a época em que foi feita, às portas do período de mais alto consumo no País.
Mas a exposição a céu aberto dessa carrada de satisfeitos, conformados e tendentes ao triunfo do "me engana que eu gosto" continua sem uma explicação lógica. Ninguém questiona nada, como se tal postura fosse favorecer os adversários do "nosso parceiro".
coluna@pedroporfirio.com
Da Tribuna da Imprensa
segunda-feira, 8 de dezembro de 2008
sexta-feira, 5 de dezembro de 2008
Da asfixia da TRIBUNA ao monopólio da informação (Pedro Porfírio - Tribuna da Imprensa Online)
“Um dia vieram e levaram meu vizinho que era judeu.
Como não sou judeu, não me incomodei.
No dia seguinte, vieram e levaram meu outro vizinho que era
comunista.
Como não sou comunista, não me incomodei .
No terceiro dia vieram e levaram meu vizinho católico.
Como não sou católico, não me incomodei.
No quarto dia, vieram e me levaram;
já não havia mais ninguém para reclamar”... ( Martin Niemöller,
pastor luterano alemão, em 1933 )
Quando cheguei ao Rio de Janeiro, naquele efervescente 1959, havia jornais para todos os gostos. Era um tempo em que a disseminação de informações em todas as camadas funcionava como o mais rico nutriente do grande salto na economia.
Sem aquela fartura de títulos nas bancas, o sentimento de progresso não teria se enraizado como um átomo transformador, em função do qual o Brasil mudou de fio a pavio.
De país rural, sujeito à hegemonia política dos senhores da terra, evoluiu corajosamente no rumo de um processo industrial que, com a ajuda da imprensa, teria de atacar velhos tabus, como o alto índice de analfabetismo e escassa disponibilidade de mão-de-obra qualificada. Foi com o facho dos jornais e revistas que a economia iluminou seu caminho nos idos de JK. Naqueles idos, tínhamos opções entre diários matutinos e vespertinos, estes com mais de uma edição.
Os semanários tinham grande penetração por seu caráter político. Algumas revistas, como “O Cruzeiro” em sua fase áurea, alcançavam tiragens invejáveis: em 1953, quando o Brasil tinha 53 milhões de habitantes, a maioria nas áreas rurais, essa revista alcançou a tiragem de 750 mil exemplares.
Se considerarmos a população brasileira de então, pode-se dizer que até hoje, apesar da tecnologia e a sofisticação, nenhuma publicação similar conseguiu tão significativos desempenhos em quantidade de exemplares vendidos semanalmente.
Bons tempos, aqueles.
Era uma época tão fértil que as portas das redações se abriam muito cedo para aprendizes vocacionados e escribas imberbes. Em geral, os jornalistas trabalhavam em pelo menos dois lugares.
Se não fosse pela profusão de oportunidades, eu não teria tido a minha carteira profissional assinada como repórter da “Ultima Hora”, no dia 17 de fevereiro de 1961, isto é, um mês antes de completar 18 anos e seis meses depois de ser entregue aos cuidados do brilhante Pinheiro Júnior, chefe de reportagem, por Milton Coelho da Graça, a grande referência profissional por muitos anos.
No mesmo 1961, ia trabalhar como repórter sindical de “O Dia”, sob a chefia de Nelson Salim, situação que não durou muito, porque fui contratado, aos 18 anos, para implantar o Departamento de Língua Portuguesa da Rádio Havana, a emissora de ondas curtas que nascia na “pérola do Caribe”.
Fonte de resistência
Esse leque de jornais ainda resistiu alimentando o estreito corredor da liberdade até o AI-5, em dezembro de 1968. Registre-se que ainda antes de 1964 houve algumas perdas – casos dos vespertinos “A Noite” e “Diário da Noite” (que chegou a vender 200 mil exemplares na década de 50, quando a população da cidade do Rio de Janeiro era de 2,5 milhões de habitantes).
Então, o jornalista dificilmente ficava desempregado. Eu mesmo passei por uma situação inacreditável. Quando o meu conterrâneo Gualter Loyola de Alencar me trouxe para a “TRIBUNA”, em 1967, tive que fazer ginástica para ajudá-lo a editar a primeira página, sem abandonar outros batentes.
Por alguns meses, “bati o ponto” em cinco lugares, porque não tinha coragem de pedir demissão e “abandonar os barcos”. Às seis da manhã, chegava à TV Tupi, na Urca, para escrever o segundo caderno do “Jornal da Tarde”. Às 9, conforme acordo com o diretor Paulo Vial Correa, pegava meu fusca, atravessava a cidade e ia trabalhar como assessor de Relações Públicas da Acesita, na Visconde de Inhaúma, escrevendo todas as cartas do seu presidente, Wilker Moreira Barbosa.
Almoçava na mesa de trabalho e me deslocava até o prédio da Rio Branco, 277, ao lado do Clube Militar, onde escrevia na Alton Propaganda “A Voz dos Municípios” para a Rádio Nacional com o patrocínio da Capemi. O produtor do programa era Bob Nelson, de quem fora fã na infância, que estava sem trabalho como cantor.
Às quatro, estava na Redação do “Correio da Manhã”, na Gomes Freire, onde fazia a página internacional, sob a chefia de Maurício Gomes Leite, tendo ao lado luminares como Otto Maria Carpeaux, Paulo de Castro e o nosso Argemiro Ferreira, sem falar no Ricardo Franco Neto, no Guilherme Cunha e no José Fernandes.
Finalmente, às 9 da noite, saía pela oficina e dava de cara com a redação da “TRIBUNA”, chefiada então por Guimarães Padilha, tendo o Gualter Loiola como editor.
Claro que isso não durou muito, mas aconteceu com outros profissionais também porque havia muitas oportunidades para os profissionais do que hoje chamam de Comunicação Social. E não durou porque fui me envolvendo mais com a “TRIBUNA”, já então a grande trincheira da resistência democrática, cuja redação passei a chefiar alguns meses antes de ser levado na madrugada fria de junho de 1969 para a Ilha das Flores, primeira das três ilhas em que me encarceraram por quase dois anos.
Conto essa história a propósito da pressão perversa que vem asfixiando a “TRIBUNA” há mais de 40 anos e que provocou a paralisação TEMPORÁRIA de sua circulação.
Rumo ao monopólio
Hoje, há um quadro inteiramente diverso daqueles anos de crescimento. A maioria dos jornais desapareceu, enquanto a “TRIBUNA” sobrevivia a duras penas, graças à tenacidade de Helio Fernandes e aos profissionais que acreditavam na necessidade de pelo menos um contraponto nesse universo midiático atrelado a um sistema que banca uma pouco variada “imprensa de resultados”.
O mercado de trabalho encolheu na proporção inversa de uma demanda incalculável, gerada por uma quantidade exagerada de cursos de jornalismo e de expectativas entre os jovens em relação à comunicação social, área que se inscreve entre as mais procuradas nos vestibulares.
Pode-se dizer que mais da metade dos empregos em redações no Rio de Janeiro é oferecida pelo complexo Globo (TV, rádios, jornais e revistas) e que de cada três profissionais empregados, dois estão em assessorias, onde se pagam os melhores salários.
Isso significa que avançamos para uma atividade monopolista no campo da informação, o que terá reflexos dramáticos numa sociedade dita democrática, que vê suas instituições sucumbirem sob o controle de alguns grupos ávidos de poder e do que dele provém.
O estrangulamento da “TRIBUNA” resulta de uma combinação de interesses e atos inescrupulosos, com repercussão inevitável sobre a vida do País, constituindo-se num golpe de alcance múltiplo, numa etapa irreversível de uma perigosa escalada de essência muito mais deletéria do que o regime que hoje abominam desonestamente muitos dos que se refestelaram à sua sombra.
Sobre isso, teremos muito o que conversar.
coluna@pedroporfirio.com
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Como não sou judeu, não me incomodei.
No dia seguinte, vieram e levaram meu outro vizinho que era
comunista.
Como não sou comunista, não me incomodei .
No terceiro dia vieram e levaram meu vizinho católico.
Como não sou católico, não me incomodei.
No quarto dia, vieram e me levaram;
já não havia mais ninguém para reclamar”... ( Martin Niemöller,
pastor luterano alemão, em 1933 )
Quando cheguei ao Rio de Janeiro, naquele efervescente 1959, havia jornais para todos os gostos. Era um tempo em que a disseminação de informações em todas as camadas funcionava como o mais rico nutriente do grande salto na economia.
Sem aquela fartura de títulos nas bancas, o sentimento de progresso não teria se enraizado como um átomo transformador, em função do qual o Brasil mudou de fio a pavio.
De país rural, sujeito à hegemonia política dos senhores da terra, evoluiu corajosamente no rumo de um processo industrial que, com a ajuda da imprensa, teria de atacar velhos tabus, como o alto índice de analfabetismo e escassa disponibilidade de mão-de-obra qualificada. Foi com o facho dos jornais e revistas que a economia iluminou seu caminho nos idos de JK. Naqueles idos, tínhamos opções entre diários matutinos e vespertinos, estes com mais de uma edição.
Os semanários tinham grande penetração por seu caráter político. Algumas revistas, como “O Cruzeiro” em sua fase áurea, alcançavam tiragens invejáveis: em 1953, quando o Brasil tinha 53 milhões de habitantes, a maioria nas áreas rurais, essa revista alcançou a tiragem de 750 mil exemplares.
Se considerarmos a população brasileira de então, pode-se dizer que até hoje, apesar da tecnologia e a sofisticação, nenhuma publicação similar conseguiu tão significativos desempenhos em quantidade de exemplares vendidos semanalmente.
Bons tempos, aqueles.
Era uma época tão fértil que as portas das redações se abriam muito cedo para aprendizes vocacionados e escribas imberbes. Em geral, os jornalistas trabalhavam em pelo menos dois lugares.
Se não fosse pela profusão de oportunidades, eu não teria tido a minha carteira profissional assinada como repórter da “Ultima Hora”, no dia 17 de fevereiro de 1961, isto é, um mês antes de completar 18 anos e seis meses depois de ser entregue aos cuidados do brilhante Pinheiro Júnior, chefe de reportagem, por Milton Coelho da Graça, a grande referência profissional por muitos anos.
No mesmo 1961, ia trabalhar como repórter sindical de “O Dia”, sob a chefia de Nelson Salim, situação que não durou muito, porque fui contratado, aos 18 anos, para implantar o Departamento de Língua Portuguesa da Rádio Havana, a emissora de ondas curtas que nascia na “pérola do Caribe”.
Fonte de resistência
Esse leque de jornais ainda resistiu alimentando o estreito corredor da liberdade até o AI-5, em dezembro de 1968. Registre-se que ainda antes de 1964 houve algumas perdas – casos dos vespertinos “A Noite” e “Diário da Noite” (que chegou a vender 200 mil exemplares na década de 50, quando a população da cidade do Rio de Janeiro era de 2,5 milhões de habitantes).
Então, o jornalista dificilmente ficava desempregado. Eu mesmo passei por uma situação inacreditável. Quando o meu conterrâneo Gualter Loyola de Alencar me trouxe para a “TRIBUNA”, em 1967, tive que fazer ginástica para ajudá-lo a editar a primeira página, sem abandonar outros batentes.
Por alguns meses, “bati o ponto” em cinco lugares, porque não tinha coragem de pedir demissão e “abandonar os barcos”. Às seis da manhã, chegava à TV Tupi, na Urca, para escrever o segundo caderno do “Jornal da Tarde”. Às 9, conforme acordo com o diretor Paulo Vial Correa, pegava meu fusca, atravessava a cidade e ia trabalhar como assessor de Relações Públicas da Acesita, na Visconde de Inhaúma, escrevendo todas as cartas do seu presidente, Wilker Moreira Barbosa.
Almoçava na mesa de trabalho e me deslocava até o prédio da Rio Branco, 277, ao lado do Clube Militar, onde escrevia na Alton Propaganda “A Voz dos Municípios” para a Rádio Nacional com o patrocínio da Capemi. O produtor do programa era Bob Nelson, de quem fora fã na infância, que estava sem trabalho como cantor.
Às quatro, estava na Redação do “Correio da Manhã”, na Gomes Freire, onde fazia a página internacional, sob a chefia de Maurício Gomes Leite, tendo ao lado luminares como Otto Maria Carpeaux, Paulo de Castro e o nosso Argemiro Ferreira, sem falar no Ricardo Franco Neto, no Guilherme Cunha e no José Fernandes.
Finalmente, às 9 da noite, saía pela oficina e dava de cara com a redação da “TRIBUNA”, chefiada então por Guimarães Padilha, tendo o Gualter Loiola como editor.
Claro que isso não durou muito, mas aconteceu com outros profissionais também porque havia muitas oportunidades para os profissionais do que hoje chamam de Comunicação Social. E não durou porque fui me envolvendo mais com a “TRIBUNA”, já então a grande trincheira da resistência democrática, cuja redação passei a chefiar alguns meses antes de ser levado na madrugada fria de junho de 1969 para a Ilha das Flores, primeira das três ilhas em que me encarceraram por quase dois anos.
Conto essa história a propósito da pressão perversa que vem asfixiando a “TRIBUNA” há mais de 40 anos e que provocou a paralisação TEMPORÁRIA de sua circulação.
Rumo ao monopólio
Hoje, há um quadro inteiramente diverso daqueles anos de crescimento. A maioria dos jornais desapareceu, enquanto a “TRIBUNA” sobrevivia a duras penas, graças à tenacidade de Helio Fernandes e aos profissionais que acreditavam na necessidade de pelo menos um contraponto nesse universo midiático atrelado a um sistema que banca uma pouco variada “imprensa de resultados”.
O mercado de trabalho encolheu na proporção inversa de uma demanda incalculável, gerada por uma quantidade exagerada de cursos de jornalismo e de expectativas entre os jovens em relação à comunicação social, área que se inscreve entre as mais procuradas nos vestibulares.
Pode-se dizer que mais da metade dos empregos em redações no Rio de Janeiro é oferecida pelo complexo Globo (TV, rádios, jornais e revistas) e que de cada três profissionais empregados, dois estão em assessorias, onde se pagam os melhores salários.
Isso significa que avançamos para uma atividade monopolista no campo da informação, o que terá reflexos dramáticos numa sociedade dita democrática, que vê suas instituições sucumbirem sob o controle de alguns grupos ávidos de poder e do que dele provém.
O estrangulamento da “TRIBUNA” resulta de uma combinação de interesses e atos inescrupulosos, com repercussão inevitável sobre a vida do País, constituindo-se num golpe de alcance múltiplo, numa etapa irreversível de uma perigosa escalada de essência muito mais deletéria do que o regime que hoje abominam desonestamente muitos dos que se refestelaram à sua sombra.
Sobre isso, teremos muito o que conversar.
coluna@pedroporfirio.com
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segunda-feira, 1 de dezembro de 2008
POR CULPA DA JUSTIÇA, TRIBUNA SUSPENDE CIRCULAÇÃO A PARTIR DE HOJE
De:
Pedro Porfírio Adicionar contato porfirio@palanquelivre.com
Para:
Edson Nogueira Paim
Assunto:
POR CULPA DA JUSTIÇA, TRIBUNA SUSPENDE CIRCULAÇÃO A PARTIR DE HOJE
Data:
01/12/2008 02:34
POR CULPA DA JUSTIÇA, TRIBUNA SUSPENDE CIRCULAÇÃO A PARTIR DE HOJE
E VOCÊ? O QUE FARÁ CONTRA ESSA TRAGÉDIA PARA A DEMOCRACIA?
Processo de indenização pelos prejuizos sofridos na ditadura completa 26 anos sem sentença final, levando Hélio Fernandes a um gesto extremo.
TRECHOS DO EDITORIAL DE PRIMEIRA PÁGINA ASSINADO POR HÉLIO FERNANDES
De 1982 (primeira e única sentença) até este ano de 2008 (26 anos), a decisão do competente juiz de primeira instância foi naufragando na impunidade, no descuido, na imprudência dos chamados MAGISTRADOS SUPERIORES.
Nesses 26 anos, desembargadores que não tinham nenhum adjetivo, mas lutavam arduamente para ganhar a complementação de DESEMBARGADORES FEDERAIS, nem ligavam para a justiça ou a injustiça. Importantes, se consideravam insubstituíveis e incomparáveis, não queriam que alguém pensasse ou admitisse que eram inferiores. Lógico, cuidando da ambição pessoal, não podiam perder tempo FAZENDO JUSTIÇA. Que era o que o juiz de primeira instância compreendeu e decidiu imediatamente.
Em 26 de março de 1981, a ditadura agonizante mas vingativa explodiu prédios, máquinas e demais dependências desta Tribuna. Podíamos acrescentar isso na própria ação ou começar nova, com mais esse prejuízo colossal. Não quisemos. É fato também facilmente comprovável, não protestamos nem reivindicamos judicialmente em relação a mais esse terrorismo. Financeiro, econômico, irreparável.
Outro fato que também é acusação contra DESEMBARGADORES FEDERAIS facilmente comprovável verificando o andamento, quer dizer, a paralisação do processo: vários DESEMBARGADORES FEDERAIS ficaram 2, 3 e até 4 anos com o processo engavetado. Alguns devolviam o processo pela razão maior de todas: caíam na EXPULSÓRIA. Mas continuavam fazendo parte do esquema e sistema de atrasar a eficácia da prestação jurisdicional. Necessária nova distribuição, isso era feito lentamente, esqueciam inteiramente da importância de fazer justiça.
Inexplicavelmente, repita-se, o bravo (ou bravateiro?) Joaquim Barbosa aceitou o afrontoso apelo da União que nem deveria ser conhecido, por conta quem sabe de um cochilo, displicência ou então não tem a sabedoria jurídica que tanto apregoa.
Não quero ir mais longe, lembrar apenas o seguinte: a Tribuna da Imprensa não será FECHADA pela indolência da Justiça, que, sem perceber, a castiga tanto ou mais do que a ditadura, na medida em que por inaceitável MOROSIDADE está retardando a implementação da execução de sentença condenatória da ré, União Federal, e sua maior devedora.
ASSIM, suspenderemos por alguns meses a circulação deste jornal, que entra, coincidentemente, no ano 60 da sua existência. 14 com Carlos Lacerda, 46 com este repórter. Não transigimos, não conversamos, não negociamos a opinião aberta e franca pela recompensa escondida mas relevante. Poderíamos ter cedido, concedido, concordado, conquistaríamos a riqueza falsa e inconsciente, mas GLORIOSA E DURADOURA.RECIPROCIDADE. Como não nos entregamos nunca, como ninguém neste jornal distribui visibilidade para receber reciprocidade, estamos em situação dificílima.
Nesse quadro, já dissemos e reiteramos que essa primeira indenização será toda destinada ao pagamento de DÍVIDAS obrigatórias contraídas por causa da perseguição incessante comprovadamente sofrida.
Em matéria de tempo, uma parte do Judiciário foi mais ditatorial do que a ditadura. Esta perseguiu o jornal das mais variadas formas, por 20 anos. A Justiça quer ver se chega aos 30 anos, por conta de sua repugnante MOROSIDADE, TÃO RUINOSA e imoral quanto a ilimitada violência perpetrada pela ditadura.
Nenhum homem de bem, nenhuma mulher combativa, ninguém pode consentir nesse tiro mortal contra a livre manifestação da palavra.
LEIA A EMOCIONANTE MENSAGEM DE HÉLIO FERNANDES NA PRIMEIRA PÁGINA DA TRIBUNA DE HOJE, 1 DE DEZEMBRO DE 2008
OU NO MEU BLOG
PORFÍRIO URGENTE
coluna@pedroporfirio.com
LEIA ÍNTEGRA DA MATÉRIA NO BLOG PORFÍRIO URGENTE
Pedro Porfírio Adicionar contato porfirio@palanquelivre.com
Para:
Edson Nogueira Paim
Assunto:
POR CULPA DA JUSTIÇA, TRIBUNA SUSPENDE CIRCULAÇÃO A PARTIR DE HOJE
Data:
01/12/2008 02:34
POR CULPA DA JUSTIÇA, TRIBUNA SUSPENDE CIRCULAÇÃO A PARTIR DE HOJE
E VOCÊ? O QUE FARÁ CONTRA ESSA TRAGÉDIA PARA A DEMOCRACIA?
Processo de indenização pelos prejuizos sofridos na ditadura completa 26 anos sem sentença final, levando Hélio Fernandes a um gesto extremo.
TRECHOS DO EDITORIAL DE PRIMEIRA PÁGINA ASSINADO POR HÉLIO FERNANDES
De 1982 (primeira e única sentença) até este ano de 2008 (26 anos), a decisão do competente juiz de primeira instância foi naufragando na impunidade, no descuido, na imprudência dos chamados MAGISTRADOS SUPERIORES.
Nesses 26 anos, desembargadores que não tinham nenhum adjetivo, mas lutavam arduamente para ganhar a complementação de DESEMBARGADORES FEDERAIS, nem ligavam para a justiça ou a injustiça. Importantes, se consideravam insubstituíveis e incomparáveis, não queriam que alguém pensasse ou admitisse que eram inferiores. Lógico, cuidando da ambição pessoal, não podiam perder tempo FAZENDO JUSTIÇA. Que era o que o juiz de primeira instância compreendeu e decidiu imediatamente.
Em 26 de março de 1981, a ditadura agonizante mas vingativa explodiu prédios, máquinas e demais dependências desta Tribuna. Podíamos acrescentar isso na própria ação ou começar nova, com mais esse prejuízo colossal. Não quisemos. É fato também facilmente comprovável, não protestamos nem reivindicamos judicialmente em relação a mais esse terrorismo. Financeiro, econômico, irreparável.
Outro fato que também é acusação contra DESEMBARGADORES FEDERAIS facilmente comprovável verificando o andamento, quer dizer, a paralisação do processo: vários DESEMBARGADORES FEDERAIS ficaram 2, 3 e até 4 anos com o processo engavetado. Alguns devolviam o processo pela razão maior de todas: caíam na EXPULSÓRIA. Mas continuavam fazendo parte do esquema e sistema de atrasar a eficácia da prestação jurisdicional. Necessária nova distribuição, isso era feito lentamente, esqueciam inteiramente da importância de fazer justiça.
Inexplicavelmente, repita-se, o bravo (ou bravateiro?) Joaquim Barbosa aceitou o afrontoso apelo da União que nem deveria ser conhecido, por conta quem sabe de um cochilo, displicência ou então não tem a sabedoria jurídica que tanto apregoa.
Não quero ir mais longe, lembrar apenas o seguinte: a Tribuna da Imprensa não será FECHADA pela indolência da Justiça, que, sem perceber, a castiga tanto ou mais do que a ditadura, na medida em que por inaceitável MOROSIDADE está retardando a implementação da execução de sentença condenatória da ré, União Federal, e sua maior devedora.
ASSIM, suspenderemos por alguns meses a circulação deste jornal, que entra, coincidentemente, no ano 60 da sua existência. 14 com Carlos Lacerda, 46 com este repórter. Não transigimos, não conversamos, não negociamos a opinião aberta e franca pela recompensa escondida mas relevante. Poderíamos ter cedido, concedido, concordado, conquistaríamos a riqueza falsa e inconsciente, mas GLORIOSA E DURADOURA.RECIPROCIDADE. Como não nos entregamos nunca, como ninguém neste jornal distribui visibilidade para receber reciprocidade, estamos em situação dificílima.
Nesse quadro, já dissemos e reiteramos que essa primeira indenização será toda destinada ao pagamento de DÍVIDAS obrigatórias contraídas por causa da perseguição incessante comprovadamente sofrida.
Em matéria de tempo, uma parte do Judiciário foi mais ditatorial do que a ditadura. Esta perseguiu o jornal das mais variadas formas, por 20 anos. A Justiça quer ver se chega aos 30 anos, por conta de sua repugnante MOROSIDADE, TÃO RUINOSA e imoral quanto a ilimitada violência perpetrada pela ditadura.
Nenhum homem de bem, nenhuma mulher combativa, ninguém pode consentir nesse tiro mortal contra a livre manifestação da palavra.
LEIA A EMOCIONANTE MENSAGEM DE HÉLIO FERNANDES NA PRIMEIRA PÁGINA DA TRIBUNA DE HOJE, 1 DE DEZEMBRO DE 2008
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