Enquanto governador busca maior aproximação, senador endurece discurso
THAÍS ARAÚJO
Anastasia e o ministro do Supremo Gilmar Mendes participaram de seminário na quarta em Brasília
Às vésperas da publicação do edital de dois lotes para as obras de duplicação da BR-381 - entre Belo Horizonte e Ipatinga, a chamada Rodovia da Morte -, prevista para até 30 de maio, Aécio ressuscitou uma de suas teses: a estadualização das estradas federais, transferindo a competência da manutenção para os governos estaduais.
Tudo isso, claro, desde que haja o repasse integral da Contribuição sobre Intervenção do Domínio Econômico (Cide), que hoje é de 29%.
Conforme o senador, a queda da ponte sobre o Rio das Velhas no quilômetro 454, em Sabará, seria mais uma prova da incapacidade de o Governo federal cuidar das rodovias.
"O que eu tenho defendido é que essa figura esdrúxula que só existe no Brasil, de rodovias federais, deixe de existir. E, obviamente por etapas, portanto, dentro de um planejamento, defendo que as rodovias federais passem à gestão dos estados com a transferência dos recursos para os estados", afirmou.
Aécio chegou a dizer que o rompimento de um dos pilares da ponte, que levou ao afundamento da pista e a sua interdição desde o feriado da Semana Santa, transformou em caos a vida da população que depende da ponte, embora uma passarela improvisada esteja sendo utilizada.
Anastasia vem, nos bastidores, disputando com a bancada mineira da base governista no Congresso Nacional o papel de protagonista na garantia dos recursos para investimentos na BR-381 e no Anel Rodoviário de Belo Horizonte.
O governador tem mantido uma boa relação com a presidente Dilma e, em visita a Brasília, não deixa de discutir o assunto.
"Este é um compromisso que o Governo federal tem de cumprir com Minas Gerais, e a sociedade aguarda ansiosa", afirmou na quarta-feira.
Único governista da bancada de Minas no Senado, Clésio Andrade (PR) considerou descabida a proposta de Aécio, alegando que "não se pode começar do zero o que já está 90% resolvido".
Para ele, não haveria problema em o Governo do Estado participar dos investimentos". Não faz sentido assumir só o bônus da estadualização (com a transferência total dos recursos da Cide).
Clésio, que lidera o grupo de parlamentares em negociação com o Ministério dos Transportes para atrair recursos para obras no Estado, evita um enfrentamento com Anastasia.
Para ele, a boa relação e aproximação do governador com a presidente são características do perfil dos dois.
"Ele é respeitado pela área federal", disse. Já sobre a diferença do tom de Aécio frente às ações de Anastasia, Clésio afirmou que um é gestor e o outro político.
"Em Minas a gente aprendeu que o principal homem público é o governador que está em gestão.
Depois vêm os outros".